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9ª Jornada de Agroecologia: por uma outra produção de alimentos

quinta-feira, maio 20th, 2010

Michele Torinelli e Pedro Carrano

de Francisco Beltrão

Imagens: Michele Torinelli

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Momento da marcha de abertura da jornada

“O alimento saudável é o remédio para as doenças”, frase do caminhão de som.

Depois de anos sem realizar marcha de abertura, seja pelo tempo chuvoso ou por ameaças de repressão, a Jornada de Agroecologia deste ano levou milhares de militantes às ruas de Francisco Beltrão. “A marcha é uma forma de se apresentar para a sociedade como um todo. Se ficamos isolados não expressamos nosso pensamento”, aponta Avelino Callegari, secretário da Assessoar – Associação de Estudo, Orientação e Assistência Rural, entidade que atua em 18 municípios do sudoeste do Paraná.

Atualmente, Francisco Beltrão é um território de expressão do agronegócio, na produção de carne e frango, por meio do conhecido sistema de “integração”. As empresas têm sistema de contrato da família camponesa, subordinada a este processo de exploração da renda da terra, como explica José Maria Tardin, da coordenação da Jornada.

Neste contexto, famílias assinam contratos diretamente com grandes corporações. “Subordinadas a um pacote e a um padrão de tecnologia, o que gera endividamento permanente, a família passa a ter um padrão de entrega de mercadoria, sem qualquer capacidade de influir nos preços, seja dos insumos, seja da mercadoria. Um esquema de servidão moderno, no qual as famílias camponesas têm um vinculo total dos preços, são proprietárias ou arrendatárias, mas o produto é completamente alienado. A jornada marca este momento de combate e de tensionamento”, define.

Outro eixo importante da Jornada, colocado na ordem do dia no debate atual, é a dimensão do uso de fertilizantes no Brasil, hoje o maior consumidor mundial do produto, situação diretamente ligada à perspectiva neoliberal na agricultura. “Com a transgeníase, as empresas encontram uma maneira de, via sementes, impor um padrão tecnológico, o que inclui os agrotóxicos de forma determinante. Hoje, 75% das sementes transgênicas estão desenvolvidas para determinado agrotóxico, trata-se de um nível de vinculação através da semente que antes estas empresas não conseguiam”, explica.

A necessidade de diálogo com a população para a construção de alternativas incita a organização de atividades públicas como essa. Para Callegari, a marcha podia acontecer todos os dias, expandir para instituições de ensino, religiosas e poder público.

Alternativa agroecológica

De acordo com Luiz Perin, dirigente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), a escolha de Francisco Beltrão como sede da jornada pela segunda vez consecutiva se deve à organização dos movimentos na região e ao intenso desenvolvimento da produção agroecológica. “Aqui estão sendo construídas alternativas de sustentabilidade, o que implica o respeito à natureza e a produção de alimento limpo, favorecendo a saúde humana”, contextualiza.

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Luiz Perin, dirigente da Fetraf

Perin defende que formas sustentáveis de cultivo agregam valor à agricultura familiar, gerando renda para as famílias ao invés de financiar o agronegócio. “A jornada serve para mudar, porque tem muitas famílias que não utilizam a agroecologia”, defende Anselmo Rodrigues Santos, agricultor integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).

Somatória de organizações

Paulo de Souza, da região de Capanema, é um dos representantes das diferentes organizações do campo presentes no encontro. Membro de uma rede de cooperativismo de crédito, que agrega 78 cooperativas e cerca de 80 mil famílias, o dirigente enxerga na agroecologia a saída para o temário do desenvolvimento sustentável.

Além de camponeses, o encontro conta com diversos estudantes. Thomas Parrili, estudante de Agronomia, acredita que a jornada é um importante momento para reunir experiências de agroecologia de todo estado.

Contexto Histórico

A Jornada de Agroecologia geralmente é organizada em locais onde há um contexto de enfrentamento de projetos. Foi assim nas edições na cidade de Cascavel, em meio ao conflito com a empresa transnacional suíça Syngenta Seeds, acusada de diversos crimes de contaminação do ambiente pelos transgênicos.

Francisco Beltrão, por sua vez, é uma região com tradição histórica de resistência, desde o capítulo de 1957 conhecido como a “Revolta dos Colonos”. Nos anos 1970, foi o palco do surgimento dos movimentos de luta pela terra e na década de 1980 assistiu ao nascimento do sindicalismo combativo na região. “O sudoeste também se colocou como pioneiro no que se chamava de agricultura alternativa e logo depois se expressa como agroecologia. É uma região pioneira na luta e na combatividade”, comenta José Maria Tardin, da coordenação da Jornada.

Construtores da Jornada

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“Chocolate”, militante e poeta do MST

Ariulino Alves Morais, o “Chocolate”, militante e poeta do MST desde o surgimento, esteve em oito das nove edições da Jornada de Agroecologia. Enxerga o debate do encontro dentro de um momento de transição para a produção camponesa. Fora da agroecologia, os pequenos agricultores sofrem com a inviabilidade do antigo modelo. “É um momento histórico, quase uma transição de projeto de governo, esses eventos culturais são importantes, senão fica só no momento, é preciso continuar a organização, é preciso levar aos governos nossos projetos como projeto de agricultura, mas tem que ser no conjunto das organizações”, afirma.

A agroecologia passa a ser um ponto de refúgio para o pequeno agricultor, uma vez que as condições de mercado inviabilizam sua produção, no depoimento de Chocolate. “O pessoal está habituado ao pacote e logo se frustra, porque o preço está lá embaixo e a produção é pouca, os custos de produção. Houve uma transição forçada para a agroecologia”, pondera.

Veja mais sobre a Jornada de Agroecologia aqui

Ato do Dia Nacional de Lutas reúne mais de dois mil trabalhadores paranaenses

sábado, agosto 15th, 2009

Organizações sociais de Curitiba e Região Metropolitana mobilizam-se pela defesa de direitos trabalhistas e contra as demissões justificadas pela crise.

Manifestantes partem da Praça Santos Andrade com destino à Boca Maldita.

Manifestantes partem da Praça Santos Andrade com destino à Boca Maldita.

Nesta sexta-feira, 14 de agosto, centrais sindicais, entidades e movimentos sociais saíram às ruas de Curitiba. O ato iniciou-se com concentração na Praça Santos Andrade, seguida de passeata com destino à Boca Maldita. Mais de duas mil pessoas unificaram reivindicações e deixaram claro que o trabalhador não vai pagar pela crise. As mobilizações, ocorridas em 12 capitais brasileiras, integram a Jornada Nacional de Lutas.

Ato toma as ruas de Curitiba.

Em meio a música, teatro e outras atividades culturais, diversos setores pronunciaram-se em defesa de uma sociedade que priorize os direitos humanos. “Reunimos todas as forças populares e mostramos que a esquerda está fortalecida na sociedade brasileira. Foi um dia de luta e de protestos contra a burguesia e o capitalismo, que nada mais é que a sociedade da exploração, e esse modelo não serve para nós trabalhadores”, esclareceu Roberto Baggio, membro da coordenação estadual do Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

As manifestações integradas se justificam pela divisão das perdas num sistema que monopoliza lucros. “O povo não é o culpado pela crise. Ela é resultado de um sistema que entra em crise periodicamente e transforma o planeta em uma imensa ciranda financeira, com regras ditadas pelo mercado. Diante do fracasso desta lógica excludente, querem que a Classe Trabalhadora pague pela crise”, aponta carta da Comissão Nacional de Organização da Jornada.

Interlocução entre reivindicações trabalhistas e a luta pela democratização da comunicação

Anderson Moreira, pela CPC/PR, entrevistou André Machado, do Sindicato dos Bancários. Interlocução entre reivindicações trabalhistas e a luta pela democratização da comunicação.

Anderson Moreira, pela CPC/PR, entrevista André Castelo Branco, do Sindicato dos Bancários.

A Comissão Paranaense Pró-Conferência de Comunicação (CPC/PR) agregou a questão da democratização da comunicação à Jornada, tendo em vista a repressão exercida pela mídia comercial aos movimentos sociais e a realização da I Conferência Nacional de Comunicação, cuja etapa nacional está prevista para dezembro.

Érico Massoli, do Coletivo Soylocoporti e da CPC/PR, acredita que ações unitárias colaboram na congregação do campo social. “A direita se une com extrema facilidade, no teor do capital, mas a esquerda ultimamente tem perdido essa capacidade de dialogar com os próximos em busca de uma força ainda maior. Hoje isso foi possível”, ponderou.

Reivindicações para enfrentar a crise e suas conseqüências – carta da Comissão Nacional de Organização da Jornada

• Fim das demissões
• Ratificação das convenções 151 e 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
• Fim do superávit primário
• Redução das taxas de juros
• Redução da jornada sem redução de salário
• Manutenção e ampliação dos direitos sociais e trabalhistas
• Reforma agrária e reforma urbana
• Fim do fator previdenciário
• Petrobrás e riquezas do pré-sal sob controle do povo
• Saúde, educação e moradia
• Uma lei que proíba as demissões em massa
• Continuidade da valorização do salário mínimo
• Solidariedade internacional aos povos em luta no mundo todo
• Contra o latifúndio dos meios de comunicação
• Contra a privatização dos serviços postais

Comissão Nacional de Organização da Jornada:
CGTB, CTB, CUT, Força Sindical, NCST, UGT, Intersindical, Assembléia Popular, Cebrapaz, CMB, CMP, CMS, Conam, FDIM, Marcha Mundial das Mulheres, MST, MAB, MTL, MTST, MTD, OCLAE, UBES, UBM, UNE, Unegro/Conen, Via Campesina, CNTE, Círculo Palmarino.

Fontes:
• http://terrasimbarragemnao.blogspot.com/2009/08/jornada-nacional-de-luta-dos.html
• http://www.cutpr.org.br/noticia.php?id=3238

Fotos: Michele Torinelli

Soylocoporti na Coordenação dos Movimentos Sociais

quarta-feira, março 18th, 2009

A partir da compreensão de que é fundamental fortalecer o campo social e as lutas dos movimentos e entidades da sociedade civil, o Coletivo Soylocoporti deliberou por unanimidade a favor da sua entrada na Coordenação dos Movimentos Sociais – PR.

A carta, que oficializa a decisão, foi lida na reunião organizativa do dia 17 de março de 2008. Ela destaca o entendimento de que “a CMS é um espaço de convergência, construção de unidade e reflexão entre os mais diferentes movimentos e formas organizativas do povo. Seu fortalecimento é de suma importância para contrapormos a complexa conjuntura que o sistema capitalista nos impõe”.

A CMS-PR reúne-se semanalmente, sempre às terças-feiras, às 18 horas, no Cefuria. A pauta, neste primeiro semestre, tem sido focada em ações relativas ao petróleo e à soberania energética e à Conferência Nacional de Comunicação. Além desses temas nacionais, a CMS – PR procura coordenar as diversas demandas das entidades que a compõem, gerando unidade de ação e coesão nas lutas.

Veja abaixo a íntegra da carta do Coletivo Soylocoporti.

Carta do Coletivo Soylocoporti à Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS)

Março de 2009

O Coletivo Soylocoporti compreende que é fundamental para nossa entidade apoiar os movimentos que têm compromisso com a luta social através da organização da sociedade civil.

Visto isto, compreendemos que a CMS é um espaço de convergência, construção de unidade e reflexão entre os mais diferentes movimentos e formas organizativas do povo. Seu fortalecimento é de suma importância para contrapormos a complexa conjuntura que o sistema capitalista nos impõe.

Temos compromisso em participar da CMS por ser um espaço para debatermos as mudanças que o país precisa e enfrentarmos o neoliberalismo e a hegemonia da burguesia. Acreditamos que é fundamental contribuir com este espaço de modo a, conjuntamente, estimularmos o reascenso do movimento de massas no país, trabalharmos pela unidade de ação entre as diferentes entidades e construirmos ações conjuntas.

Componentes do nosso coletivo já participam da CMS há mais de três anos, mas avaliamos que esta carta compromisso tem o objetivo de reafirmar nosso empenho com a construção da CMS. Colocamo-nos à disposição das diversas lutas, em especial as que temos como prioritárias: o fortalecimento da cultura latino-americana e a democratização da comunicação de modo a possibilitar a autodeterminação dos povos.

Por fim, dispostos a seguir cerrando fileiras na luta por uma outra sociedade possível!

Coletivo Soylocoporti

Semana Nacional da Democratização da Comunicação

quinta-feira, novembro 20th, 2008

O movimento Soylocoporti junto com diversas entidades ajudou a construir a semana nacional de democratização da comunicação. Acreditamos que só através da democratização da comunicação é que teremos um mundo que igualitário e compreesível com a diversidade.

Veja como foram as ações deste ano da semana: