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Marcha pelo fim da violência contra as mulheres e pela preservação da natureza acontece em Curitiba

quarta-feira, março 7th, 2012

Para marcar o Dia Internacional da Mulher, será realizada amanhã a “Marcha das Mulheres do Campo e da Cidade: por Justiça Social e Ambiental”, com concentração às 9h, na Praça Santos Andrade. A manifestação é uma iniciativa de cerca de 20 organizações do Paraná, entre elas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a Marcha Mundial de Mulheres, sindicatos, entidades estudantis e movimentos populares urbanos.

A Marcha traz para o debate temas como educação, trabalho, direitos sexuais reprodutivos, mercantilização do corpo das mulheres, soberania alimentar e violência contra as mulheres. O ato será dividido em três partes, com início na Praça Santos Andrade. Da concentração, o grupo segue em caminhada até o cruzamento entre as ruas Marechal Deodoro e Marechal Floriano Peixoto, onde haverá nova parada, e a marcha se encerra na Boca Maldita.

Para a integrante do MST Sirlene Alves de Morais, uma das coordenadoras da atividade, a manifestação das mulheres toca em temas que estão diretamente ligados à vida das mulheres urbanas e do meio rural. “A aliança entre o campo e a cidade é muito importante na luta pela preservação da natureza e pelo fim da violência contra as mulheres, pois é a sociedade toda que sofre”, afirma Sirlene, moradora do assentamento Guanabara, município de Embaú/PR.

A organização da Marcha estima que estejam presentes cerca de duas mil pessoas, vindas de diversos municípios do Paraná.

Programação
9h – Concentração na Praça Santos Andrade
Batucada Feminista
Falas dos Movimentos
Organização dos blocos para a caminhada

10h30 – 1º ato
Tema: Educação, cultura e diversidade / trabalho das mulheres, poder dos homens/ previdência
Local: escadaria da UFPR, na Praça Santos Andrade

11h15 – 2º ato
Tema: Saúde e direitos sexuais reprodutivos / mercantilização do corpo das mulheres / violência
Local: esquina das Marechais

12h30 – 3º ato
Tema: Por soberania alimentar / contra o uso de agrotóxicos / justiça ambiental / as mulheres e os megaeventos
Local: Boca Maldita

Mais informações:
Hugo (41) 9885-0773, Pedro (41) 8835-4959 ou Riquieli (41) 9807-8324

Imagem: movimentos feministas na marcha de abertura do Fórum Social Temático. Porto Alegre, janeiro de 2012. Por Michele Torinelli.

9ª Jornada de Agroecologia: por uma outra produção de alimentos

quinta-feira, maio 20th, 2010

Michele Torinelli e Pedro Carrano

de Francisco Beltrão

Imagens: Michele Torinelli

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Momento da marcha de abertura da jornada

“O alimento saudável é o remédio para as doenças”, frase do caminhão de som.

Depois de anos sem realizar marcha de abertura, seja pelo tempo chuvoso ou por ameaças de repressão, a Jornada de Agroecologia deste ano levou milhares de militantes às ruas de Francisco Beltrão. “A marcha é uma forma de se apresentar para a sociedade como um todo. Se ficamos isolados não expressamos nosso pensamento”, aponta Avelino Callegari, secretário da Assessoar – Associação de Estudo, Orientação e Assistência Rural, entidade que atua em 18 municípios do sudoeste do Paraná.

Atualmente, Francisco Beltrão é um território de expressão do agronegócio, na produção de carne e frango, por meio do conhecido sistema de “integração”. As empresas têm sistema de contrato da família camponesa, subordinada a este processo de exploração da renda da terra, como explica José Maria Tardin, da coordenação da Jornada.

Neste contexto, famílias assinam contratos diretamente com grandes corporações. “Subordinadas a um pacote e a um padrão de tecnologia, o que gera endividamento permanente, a família passa a ter um padrão de entrega de mercadoria, sem qualquer capacidade de influir nos preços, seja dos insumos, seja da mercadoria. Um esquema de servidão moderno, no qual as famílias camponesas têm um vinculo total dos preços, são proprietárias ou arrendatárias, mas o produto é completamente alienado. A jornada marca este momento de combate e de tensionamento”, define.

Outro eixo importante da Jornada, colocado na ordem do dia no debate atual, é a dimensão do uso de fertilizantes no Brasil, hoje o maior consumidor mundial do produto, situação diretamente ligada à perspectiva neoliberal na agricultura. “Com a transgeníase, as empresas encontram uma maneira de, via sementes, impor um padrão tecnológico, o que inclui os agrotóxicos de forma determinante. Hoje, 75% das sementes transgênicas estão desenvolvidas para determinado agrotóxico, trata-se de um nível de vinculação através da semente que antes estas empresas não conseguiam”, explica.

A necessidade de diálogo com a população para a construção de alternativas incita a organização de atividades públicas como essa. Para Callegari, a marcha podia acontecer todos os dias, expandir para instituições de ensino, religiosas e poder público.

Alternativa agroecológica

De acordo com Luiz Perin, dirigente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), a escolha de Francisco Beltrão como sede da jornada pela segunda vez consecutiva se deve à organização dos movimentos na região e ao intenso desenvolvimento da produção agroecológica. “Aqui estão sendo construídas alternativas de sustentabilidade, o que implica o respeito à natureza e a produção de alimento limpo, favorecendo a saúde humana”, contextualiza.

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Luiz Perin, dirigente da Fetraf

Perin defende que formas sustentáveis de cultivo agregam valor à agricultura familiar, gerando renda para as famílias ao invés de financiar o agronegócio. “A jornada serve para mudar, porque tem muitas famílias que não utilizam a agroecologia”, defende Anselmo Rodrigues Santos, agricultor integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).

Somatória de organizações

Paulo de Souza, da região de Capanema, é um dos representantes das diferentes organizações do campo presentes no encontro. Membro de uma rede de cooperativismo de crédito, que agrega 78 cooperativas e cerca de 80 mil famílias, o dirigente enxerga na agroecologia a saída para o temário do desenvolvimento sustentável.

Além de camponeses, o encontro conta com diversos estudantes. Thomas Parrili, estudante de Agronomia, acredita que a jornada é um importante momento para reunir experiências de agroecologia de todo estado.

Contexto Histórico

A Jornada de Agroecologia geralmente é organizada em locais onde há um contexto de enfrentamento de projetos. Foi assim nas edições na cidade de Cascavel, em meio ao conflito com a empresa transnacional suíça Syngenta Seeds, acusada de diversos crimes de contaminação do ambiente pelos transgênicos.

Francisco Beltrão, por sua vez, é uma região com tradição histórica de resistência, desde o capítulo de 1957 conhecido como a “Revolta dos Colonos”. Nos anos 1970, foi o palco do surgimento dos movimentos de luta pela terra e na década de 1980 assistiu ao nascimento do sindicalismo combativo na região. “O sudoeste também se colocou como pioneiro no que se chamava de agricultura alternativa e logo depois se expressa como agroecologia. É uma região pioneira na luta e na combatividade”, comenta José Maria Tardin, da coordenação da Jornada.

Construtores da Jornada

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“Chocolate”, militante e poeta do MST

Ariulino Alves Morais, o “Chocolate”, militante e poeta do MST desde o surgimento, esteve em oito das nove edições da Jornada de Agroecologia. Enxerga o debate do encontro dentro de um momento de transição para a produção camponesa. Fora da agroecologia, os pequenos agricultores sofrem com a inviabilidade do antigo modelo. “É um momento histórico, quase uma transição de projeto de governo, esses eventos culturais são importantes, senão fica só no momento, é preciso continuar a organização, é preciso levar aos governos nossos projetos como projeto de agricultura, mas tem que ser no conjunto das organizações”, afirma.

A agroecologia passa a ser um ponto de refúgio para o pequeno agricultor, uma vez que as condições de mercado inviabilizam sua produção, no depoimento de Chocolate. “O pessoal está habituado ao pacote e logo se frustra, porque o preço está lá embaixo e a produção é pouca, os custos de produção. Houve uma transição forçada para a agroecologia”, pondera.

Veja mais sobre a Jornada de Agroecologia aqui

E tem início o FSM 2009

quarta-feira, janeiro 28th, 2009

Finalmente foi iniciado o FSM 2009. Participamos no dia 26 do Fórum Mundial de Mídia Livre, conforme post anterior, e hoje estivemos na Marcha. Alguns se incubiram de gravar e colher depoimentos e outros participaram levando bandeiras e vestindo a camisa.

Visao da Marcha

Visao da Marcha

A Marcha foi marcada para as 15 horas. Estava um calor louco, super abafado. Todo mundo já se perguntava se a chuva não viria, só que ninguém esperava que fosse tão forte e duradoura. Caiu muita água e ela foi celebrada pelos participantes. Mesmo os mais tímidos que se escondiam debaixo de marquises, faixas ou guarda-chuvas acabaram desistindo e se juntando aos manifestantes.

Cerca de cem mil pessoas estiveram na Marcha, que teve um percurso de sete quilômetros. Todos os participantes pareciam nutrir um sentimento de solidariedade. Definitivamente, vir ao FSM não se trata somente de trocar experiências, conhecer gente nova e fazer contatos. É uma questão de “sobrevivência” para os ativistas. Aqui realimentamos a sensação de que muitos outros, assim como nós, querem um mundo com justiça social, liberdade sexual, democracia, paz. É um espaço importante para reabastecermos as energias e seguirmos firmes na luta.