21 e 22 de Novembro de 2008
Cananéia – SP
Nos próximos dias 21 e 22 de novembro, no município de Cananéia,
ocorrerá o II Encontro de Agroecologia e Educação Popular do Vale do
Ribeira, como atividade integrante do evento Cultura em Rede –
Cananéia Cidade Educadora / Pegada Cultural, que acontecerá entre os
dias 20 e 23 de novembro. Na prática, este segundo encontro é uma
continuação do I Encontro de Agroecologia e Educação Popular do Vale
do Ribeira, ocorrido entre os dias 29 e 31 de Agosto de 2008, nos
municípios da Barra do Turvo/Adrianó polis.
No encontro de agosto, estiveram presentes, além de integrantes da
Cooperafloresta (Barra do Turvo – SP/Adrianópolis – PR),
representantes do Coletivo Educador do Lagamar (Cananéia – SP),
Prefeitura de Apiaí – SP, Frente de Apoio ao Vale do Ribeira (São
Paulo – SP), E. E. Luiz Darly, E. E. do Rio Vermelho (Barra do Turvo –
SP), E. E. Yolanda Araújo Silva Paiva (Cananéia – SP), EMATER
(Adrianópolis – PR), Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB – SP),
Associação Rede Cananéia (Cananéia – SP), Coletivo Jovem de São Paulo,
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP), Universidade
de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar),
Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo
(APEOESP – Vale do Ribeira) e a Associação dos Produtores Rurais de
Araçaúba (Apiaí – SP).
Além de visitas a diversas propriedades agroflorestais na Barra do
Turvo, o encontro foi realizado na propriedade do agricultor Pedro, na
fronteira com o município de Adrianóplois, no Paraná. Em resumo, este
encontro consistiu em conhecermos a fundo a experiência transformadora
da Cooperafloresta (Associação dos Agricultores Florestais de Barra do
Turvo/SP e Adrianóplois/ PR) nos últimos anos, através da capacitação
técnica e científica de agricultores familiares, priorizando a
sustentabilidade da floresta e dos produtores rurais da Barra do
Turvo. Esta capacitação busca a produção orgânica de alimentos, o
resgate da auto-estima e a conscientizaçã o planetária, visando a
soberania alimentar e a difusão de um modelo, que deu certo.
Ao fim do encontro, foi apresentado um projeto de professores da Barra
do Turvo, em parceria com a Cooperafloresta, para realização de uma
Escola Técnica Agroflorestal na região. Nas justificativas de
implementar uma escola deste tipo, veio uma conclusão: a escola
tradicional, do jeito que está, agoniza.
No II Encontro de Agroecologia e Educação Popular do Vale do Ribeira,
o objetivo principal é trocar experiências entre os movimentos
populares, incluindo agricultores, pescadores, professores, artistas,
cientistas, monitores e a sua juventude. Através desta troca,
espera-se encontrar caminhos em comum para que o Vale do Ribeira possa
aumentar a participação de sua população na busca de um modelo que
valorize a vida, que defenda os pequenos produtores e os povos
originários da região. Em resumo, uma Educação Popular*, que se
utilize de outros espaços além da escola tradicional. É a formação da
Rede de Educadores Populares do Vale do Ribeira.
Neste segundo encontro, haverá um espaço específico da juventude, onde
as crianças e adolescentes poderão procurar os seus próprios caminhos,
de forma que todos possam contribuir e fortalecer a auto-estima do
jovem do Vale do Ribeira.
Horários:
21/11 – 17h às 19h – Troca de Experiências dos Movimentos Populares
22/11 – 18h às 20h – Encaminhamentos
A programação completa do evento Cultura em Rede – Cananéia Cidade
Educadora, já apelidada na cidade de Pegada Cultural, está abaixo e
anexada.
Organização: Coletivo Educador do Lagamar / Coletivo Jovem Caiçara
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EDUCAÇÃO POPULAR
A educação popular ganhou força no Brasil pelo brilhante trabalho de
Paulo Freire. Ele partiu do entendimento que o processo educativo
consiste em encontrar no indivíduo uma identidade coletiva, de forma
que o conhecimento construído pelo educando, mediado pelo educador,
faça sentido diante do mundo em que aquele vive. Desta forma, ninguém
educa ninguém, todos se educam mediatizados pelo mundo.
O que difere a educação do ensino propriamente dito é o fato de que
este último é baseado na transmissão de conteúdos já construídos e
idéias pré-concebidas. Assim, um professor ensina o que sabe para um
aluno, esperando que este aprenda conteúdos, processos, atitudes e
valores que ele próprio, professor, acredita. Numa escola onde a
concepção pedagógica é descolada da realidade imediata dos alunos,
corre-se o risco do ensino ser direcionado pelos interesses imediatos
da direção ou dos governantes.
No Brasil, a sociedade é historicamente marcada pelo domínio econômico
de pequenos grupos, concentradores da riqueza, sobre a maioria, rica
de pobreza e dependente epistemologicamente . Em outras palavras, há
uma opressão da classe economicamente dominante perante a classe
numericamente dominante, que se dá também em nível de conhecimento.
Uma população ignorante é mais fácil de ser manipulada do que uma
população informada, independente epistemologicamente . O conhecimento
é uma forma de poder.
A autonomia de grupos culturais na construção de seu próprio saber, é,
portanto, essencial para uma sociedade onde o indivíduo seja
efetivamente livre. No dia-a-dia vemos uma liberdade controlada dentro
de limites impostos pela democracia burguesa, onde ser livre é votar
entre os candidatos escolhidos pelas instituições já estabelecidas.
Liberdade, entretanto, é um valor individual e coletivo, e por isto
faz parte do processo educativo, da construção popular do conhecimento
e apontado por alguns economistas como a única forma de realizar o
processo de desenvolvimento de uma nação.
Numa sociedade livre, não seria necessário adjetivar o termo Educação.
Entretanto, diante do uso intenso desta palavra como sinônimo de
ensino, aprendizado ou treino, escolheu-se o termo composto Educação
Popular como referente ao processo educativo libertador do indivíduo.
O processo de Educação Popular tem que ser indutivo e não dedutivo.
Devemos partir do educando porque é a única maneira de partir da
experiência do grupo, senão vamos continuar partindo da idéia dos
educadores. E isto é Educação Popular.
Para Paulo Freire, a Educação Popular pode ser vista como “(…)
esforço de mobilização, organização e capacitação das classes
populares, capacitação científica e técnica…. Esse esforço não se
esquece, que é preciso poder, ou seja, é preciso transformar essa
organização do poder burguês que está aí, para que se possa fazer
escola de outro jeito. Há estreita relação entre escola e vida
política”.
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“Só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor de sua terra, a marca de sangue de seus mortos e a certeza de luta de seus vivos.”
François Silvestre
Informações acesse:
http://terrasimbarr agemnao.blogspot .com
Não às barragens no Ribeira de Iguape:
http://www.socioamb iental.org/ inst/camp/ Ribeira