Debates em São Leopoldo compartilham experiências e apontam perspectivas para a construção de um outro mundo
No contexto do Fórum Social Mundial, no qual diversas possibilidades de criação de alternativas se cruzam, reflexões de como integrar lutas complementares são inerentes. Atividades da Reunião Pública Mundial de Cultura e da Casa Cuba abordaram essa temática nesta tarde (27) em São Leopoldo.
Frente Ampla: unidade da esquerda uruguaia
Em todo o Uruguai, país que possui população equivalente a da Grande Porto Alegre, há mais de 700 comitês de base do FA. “Fazem parte dos comitês muitos cidadãos que não atuam em nenhum movimento específico, mas que compactuam com os princípios e com as práticas do FA. Abrigamos toda a esquerda, sem exclusões. Uma única vez discutiu-se a expulsão de um grupo e após seis meses de debate optou-se por mantê-lo”, conta.
“O segredo do FA é não querer eliminar as contradições – elas existem e devemos aprender a lidar com elas”, argumenta Raquel Diana, assessora da Secretaria de Cultura de Montevidéu que contribuiu com o debate. O compartilhamento da experiência do FA ocorreu em substituição à atividade com Emir Sader, que não pode comparecer.
Cuba, integração latino-americana e a superação do neoliberalismo
Martinez fez um balanço entre o que seu país representa e seus desafios concretos. “Cuba está convertida no exemplo de que a utopia é possível, e de que se pode lutar por um mundo melhor apesar de todas as dificuldades. O país está pagando um alto preço por sua ousadia nos últimos 50 anos, por sua rebeldia ao domínio imperialista na América Latina. Cuba não é um país estático, é como qualquer outro organismo social: vivo, que precisa adaptar-se a novas realidades, e nesse processo com certeza estão os cubanos.”
Frison acredita que “somente será possível libertar Cuba de seu cerco com a unificação dos esforços latino-americanos na construção de uma sociedade cooperativa e solidária”. O militante petista apontou o que considera os principais desafios para a articulação da esquerda na América Latina, entre eles superar situações pré-capitalistas, presentes em grande parte do nosso continente, rumo a uma situação transformadora. “Precisamos consolidar uma experiência alternativa de caráter socialista, uma possibilidade de articulação sem esquecer nossas diferenças – construir uma vértebra comum de enfrentamento dos setores conservadores do nosso continente.”
por Michele Torinelli, da Agência FSM10