Soylocoporti – Pela Integração Latino-Americana
Pontão de Cultura Kuai Tema |
CONVOCATÓRIA
Curitiba, 23 de fevereiro de 2012
Prezados associados, prezadas associadas e demais convidadas e convidados,
Nos dias 23 e 24 de março o Coletivo Soylocoporti realizará sua 5ª Assembléia Geral Ordinária Estatutária. Ela ocorrerá no Salão Nobre da APP Sindicato – Sindicato dos Professores do Paraná, localizado na rua Voluntários da Pátria 475, 14o andar, bairro Centro, Curitiba – PR.
Com base no Estatuto Social do Coletivo Soylocoporti, entre os objetivos principais da Assembléia Geral Estatutária estão:
a) alterar o estatuto;
b) eleger o Conselho Diretor e o Conselho Fiscal;
c) aprovar as contas da associação;
d) deliberar as diretrizes políticas de atuação da entidade;
e) definir o planejamento de trabalho anual;
f) deliberar sobre Núcleos de Trabalho e Programas Estratégicos;
g) apreciar o parecer do Conselho Fiscal relativo à prestação de contas;
h) deliberar sobre inclusão ou exclusão de associados.
Também serão debatidos na Assembléia os seguintes temas:
a) conjuntura de Comunicação, Cultura e América Latina;
b) avaliação interna do Soylocoporti;
c) agenda política;
d) financiamento institucional, debate de prestação de serviço e contribuição financeira;
e) utilização dos prêmios;
f) Festival de Cultura;
g) outros temas pertinentes.
Convocamos as associadas e associados do Soylocoporti a participar da Assembléia, que será constituída “por todos os associados em pleno gozo de seus direitos estatutários, tendo direito a voto os associados efetivos”, conforme determina o estatuto da entidade. Lembramos que é dever dos associados efetivos participar da Assembléia, e qualquer ausência deve ser, portanto, justificada. Associados efetivos que deixarem de comparecer à Assembléia Geral ordinária por dois anos consecutivos sem justificativa por escrito podem ser desassociados.
A Assembléia Geral Ordinária e Estatutária se instalará às 18 horas do dia 23 de março de 2012 em primeira convocação com a presença da maioria absoluta dos (as) associados (as) e, em segunda convocação, meia hora depois, com um terço dos associados efetivos.
Atenciosamente,
Érico Massoli, representante jurídico, pelo Conselho Diretor.
O Conselho Diretor gestão 2011/2012 é composto por: Érico Massoli, Fábio Nunes, Gilberto Manea, Julia Basso, Marco Antônio Konopacki, Michele Torinelli.
Coletivo Soylocoporti
Rua Itupava, 1299 Cj 312 – Hugo Lange – Curitiba – PR
(41) 3092-0463 – [email protected]
III Fórum de Mídia Livre aponta comunicação como pauta estratégica e transversal para as diversas lutas e convoca mobilização rumo à Rio +20
Porto Alegre, berço do Fórum Social Mundial (FSM), recebeu novamente o encontro por um outro mundo possível, dessa vez em sua versão regional e com o tema “crise capitalista, justiça social e ambiental”. Entre as várias atividades que tomaram a cidade no final de janeiro, o III Fórum de Mídia Livre (FML) foi palco para a troca de experiências de comunicação e a construção de estratégias comuns.
A programação contou com relatos e análises da Primavera Árabe, da luta pela libertação palestina, dos indignados de Espanha e da regulamentação da mídia no Brasil pós Conferência Nacional de Comunicação e na Argentina – onde a Lei dos Meios foi aprovada. Outro tema de debate foram as “redes em redes”, que partiu de experiências para chegar em perspectivas de apropriação conjunta de práticas e plataformas livres, que facilitem a conjunção das diferentes lutas por uma sociedade mais digna, justa e livre.
Apropriação tecnológica, direito à comunicação e políticas públicas de comunicação
O III FML organizou-se a partir desses três eixos complementares entre si. O primeiro abrange as práticas de comunicação e a queda da barreira entre emissor e receptor – mais do que nunca, todos produzem e recebem informação, e surgem remixes e hibridizações. O segundo trata da importância de trazermos à tona os diversos discursos sociais e de garantirmos seu reconhecimento, para que a pluralidade de nossa sociedade encontre espaço nos meios de comunicação e escapemos à ditadura do pensamento único. Já o eixo referente às políticas públicas aborda a necessidade da regulamentação da mídia no Brasil, onde temos um cenário assustador de monopólio da radiodifusão e de falta de transparência e participação social nos processos decisórios.
Os eixos se complementam porque não basta nos apropriarmos dos meios acessíveis, desenvolvermos novas linguagens e que a mobilização social aconteça de forma efetiva e horizontal se os artigos da Constituição Federal referentes à comunicação continuarem sendo ignorados e carecendo de regulamentação, mantendo a propriedade dos meios de comunicação de massa em poucas mãos. Mas também não é suficiente garantirmos a democratização da mídia se não houver mobilização, envolvimento e construção de discursos. Além disso, não podemos travar a luta pela democratização da comunicação sem ter como objetivo maior a construção desse outro mundo mais justo e digno, onde todos tenham voz.
É importante termos claros os princípios que nos unem e as práticas que podem consolidá-los. O marroquino Mohamed Legthas, do portal E-joussour, compartilhou a experiência em seu país, onde a apropriação das redes sociais teve relevância para a organização popular contra o regime, mas terminou sua fala com o seguinte questionamento: de que adianta derrubarmos governos, ou acamparmos em praças, se tais atitudes não contribuírem efetivamente para a consolidação dos anseios democráticos?
Como disse o sociólogo português Boaventura de Souza Santos, em outra atividade do Fórum Social Temático, “cuidado: o resultado pode ser pior, pode levar a uma nova forma de barbárie ou barbarismo. Queremos uma democracia real e participativa, mas como construí-la?”, provocou. Leia o texto completo »
Memória da reunião “Princípios para uma Rede Social do FSM”
Publicado originalmente na Ciranda (http://www.ciranda.net/porto-alegre-2012/forum-de-midia-livre-2012/article/memoria-da-reuniao-principios-para)
Aconteceu neste dia 25 de Janeiro no Instituto de Educação a reunião proposta pela Ciranda para construção de uma rede social livre do Fórum Social Mundial. A atividade procurou envolver coletivos de desenvolvimento e ativistas que pensam a comunicação do Fórum para tentar estabelecer parâmetros para construção de uma rede social e um protocolo aberto de integração que permita a interconexão das diversas redes utilizadas pelos movimentos sociais, organizações e ativistas.
Rita Freire, da Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada, relatou que existe uma demanda do Conselho Internacional para construçao de uma rede social do Fórum e que esta deve ser uma das prioridades para a nova fase do processo do FSM. Em seguida, Sérgio Amadeu, sóciologo e ativista pelo Software Livre e a neutralidade da rede, apresentou seu olhar sobre a conjuntura política da internet. Amadeu conta que a Internet é uma rede caótica e que muitas vezes a grande imprensa usa disso para construir uma imagem da internet análoga a uma selva e que, por isso, é preciso botar ordem através de controle.
No entanto, a internet é sim uma estrutura de grande controle técnico, pois é estruturada por uma complexa rede de protocolos. Niguém pode entrar na internet sem aceitar instalar os protocolos necessários para essa navegação. A internet é regida pelo protocolo TCP/IP.
Para Amadeu, existem dois grandes inimigos da internet: empresas de telecomunicações e industrias beneficiárias do copyright. As últimas tentam carregar de significado negativo a capacidade de compartilhamento e trocas que a internet proporcionou, o que para Sérgio é equivocado. A industria fonográfica chama de pirataria e tenta imputar a noção de crime grave pela trocas de arquivos e informações ditas “privadas”. No entanto, a analogia não se aplica, pois quando se reproduz um bem material que é regido pela lei da escassez e que a sua cópia não necessariamente é a reprodução identica do bem, para os dados digitais a cópia recria milhares de vezes a mesma obra e informação de forma identica numa lógica de abundância.
Por fim, Sérgio Amadeu apresentou a questão colocada sobre a proposta de lei estadunidense conhecida como SOPA (Stop Online Privacy Act – Ato para parar a pirataria online) e PIPA (PROTECT IP Act – Ato para proteção de IP). Sérgio faz uma analogia desta lei ao bloqueio econômico imposto a Cuba desde a década de 1960. Caso o SOPA e o PIPA passem no congresso estadunidense, as consequências do ato não se restringiriam só àquele país, mas produziria consequências globais. O SOPA prevê que empresas estadunidenses poderiam acionar a justiça contra qualquer site no mundo que reproduzir conteúdo com direitos autorais protegidos , produzindo embargos de trânsito de rede e acesso à rede para estes sites (sem prévio julgamento do mérito). Além disso, o ato prevê que as organizações que produzirem conteúdo “ilegal” seriam proibidas de manter relações comerciais com empresas com sede nos Estados Unidos. Neste sentido, é um bloqueio digital que se transforma num bloqueio econômico também.
As consequências disso seriam trágicas para a internet. Pensando que 70% dos dados da rede passam por backbones localizados nos EUA, isso quer dizer que se um site é bloqueado ou impedido de trafegar por estes backbones, eles também são limitados de operarem não só dentro dos Estados Unidos, mas em todo o mundo. Um pessoa que buscasse um site “ilegal” no google, por exemplo, teria seu resultado para este site negado, pois o google seria obrigado a bloqueá-lo e ocultá-lo por consequência dessa lei. Para não ficarmos vulneráveis a legislações externas, a infraestrutura continua sendo o grande problema. Dependemos da infraestrutura de rede e quem controla a infra-estrutura pode controlar o tráfego, imputando vários pedágios na via. Por isso a importância de se lutar pela neutralidade da rede.
Após as explanações seguiu-se um amplo debate sobre a construção de uma alternativa livre para implementar uma rede social dos atores em torno do FSM. Seguem alguns pontos levantados no debate:
No encerramento da atividade, tivemos a contribuição de Francisco Whitaker, arquiteto e ativista social presente na construção do FSM desde a sua primeira edição, que expôs a comunicação e o envolvimento de cada vez mais atores no processo do fórum, como o grande desafio do FSM para a próxima edição. Para expor sua analogia, Whitaker citou uma frase recorrente nos protestos de Nova York que diziam “nós [o povo] somos 99%, vocês [os ricos] são 1%”. Como muitas vezes acabamos falando para nós mesmos e criando círculos que têm muita dificuldade para permitir a adesão de cada vez mais pessoas, muitas vezes nós, atores de um outro mundo possível, acabamos sendo outro 1% e não os 99%. Se pensarmos na maior manifestação da história, no dia de lutas contra a guerra no dia 15 de fevereiro e 2003, que reuniu 15 milhões em todo o mundo, ainda assim não alcançamo o número de 1% da população mundial. Dos demais 98% uma parte nao consegue nem falar: 40% por causa de fome e uma parte porque está satisfeita com a vida como ela está, outra parte não tem acesso a estruturas para se fazer ouvir. É preciso lutar para que cada vez mais pessoas tenham acesso às ferramentas de comunicação para se expressar, mas que estas também tenham acesso para poder ter conhecimento sobre tudo aquilo que nos pôs engajados para a luta social.
Nós estamos sempre fechados em nossos grupos, não dialogamos com as otras pessoas. Precisamos contar para essas pessoas o que nos contaram, o que nos fez engajarar-nos nas lutas que defendemos, na ação de transformação do mundo. Criar redes de internet pra conversarmos entre nós, não vai mudar nada. As novas redes sociais que o processo do Fórum venha a fomentar devem inventar novas formas de falar para cada vez mais pessoas, e incluir cada vez mais atores no processo de construção de um outro mundo possível.
Convidamos todos e todas a colaborarem com o documento que está sendo acumulado através dos debates no Fórum Social Temático e que deve se estender para Fórum de Mídia Livre que acontece nesta sexta e sábado na Casa de Cultura Mário Quintana em Porto Alegre (sobre esse tema específico o FML reservou uma mesa de discussão na sexta às 17h). O link para o documento que está sendo preparado está disponível em http://pontaopad.me/documento-redes…
I Encontro Mundial das Redes dos Pontos de Cultura e Rede Sem Fronteiras acontece em Canoas durante o Fórum Social Temático
Texto por Rachel Bragatto e imagens por Michele Torinelli
Com o objetivo de debater a internacionalização e o intercâmbio entre os pontos de cultura, foi realizado nessa quarta-feira (25) o I Encontro Mundial das Redes dos Pontos de Cultura e Rede Sem Fronteiras. Na atividade, que reuniu cerca de cem pessoas, estavam presentes representantes governamentais e de organizações culturais do Brasil, Colômbia, Costa Rica, Paraguai, Nicarágua, Uruguai e Argentina.
Ponteiros participam do debate
Iniciativa pioneira do Ministério da Cultura brasileiro, o Programa Cultura Viva, do qual fazem parte os Pontos de Cultura, representou uma ruptura com os antigos padrões de financiamento da área cultural. O governo passou a incentivar o trabalho de organizações e entidades civis, contribuindo para dar visibilidade à pluralidade e diversidade da cultura brasileira. Por meio da descentralização de recursos e empoderamento da sociedade, os fazedores de cultura tornaram-se articuladores e protagonistas de parte da política cultural nacional. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), os pontos de cultura reúnem hoje cerca de 8 milhões de pessoas em torno de suas iniciativas.
O modelo brasileiro influenciou e inspirou os vizinhos latino-americanos. Hoje, nove outros países do continente estão iniciando o processo de constituição de pontos de cultura e investindo na formação das suas redes. A Argentina, por exemplo, já conta com 98 experiências em curso e em Medelin, na Colômbia, foi recém-aprovada uma lei que cria e regulamenta os Pontos de Cultura.
Jorge Cardona, representante da Plataforma Puente de Medelin
Para o colombiano Jorge Cardona, representante da Plataforma Puente, é fundamental articular as iniciativas do continente para avançar na constituição de políticas culturais fortes e mobilizadas. Nesse sentido, Cardona propôs uma agenda de compromissos aos participantes que inclui a realização de atos concomitantes em diversos países; a proposição aos governos de um programa de cooperação cultural sulamericana e o mapeamento das iniciativas em voga nos países.
Na Costa Rica está em curso o debate sobre o novo Plano Nacional de Cultura, sendo que os pontos fazem parte desse projeto. “Até o momento o país conta com apenas um ponto de cultura em funcionamento sendo essa troca de experiências fundamental para que fortaleçamos laços e cresçamos juntos”, afirmou Rodrigo Martinez, representante do Colectivo 8 Redemolinos, de San José.
Rodrigo Martinez do Colectivo 8 Redemolinos, da Costa Rica
Além dos debates, a atividade contou com grupos de trabalho, responsáveis por elaborar propostas para uma agenda comum da Rede Mundial dos Pontos de Cultura. O documento deve estabelecer critérios e posicionamentos do movimento para a Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, que ocorre no Rio de Janeiro em junho, encontro transversal à Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20.
Preocupações com a situação brasileira do programa Cultura Viva
Porém, nem tudo são flores no que se refere à situação brasileira. Assim como vem ocorrendo em diversos encontros dos fazedores de cultura, houve críticas à atual gestão sendo pontuadas desde questões orçamentárias até as próprias exigências legais do modelo de convênio.
Conforme Célio Turino, considerado um dos idealizadores do Programa Cultura Viva, é central que se discuta e aprimore o marco legal do programa de forma a estimular a autonomia dos atores e a quebra de hierarquias. “Esse marco não nos cabe e não devemos fazer com que os pontos se adaptem a ele. Precisamos modificá-lo para que ele se adapte à realidade dos pontos”, afirmou sob aplausos.
Oficina pretende trocar experiências de comunicação compartilhada tendo como perspectiva a cobertura colaborativa do II Fórum Mundial de Mídia Livre
Imagem: Francele Cocco para a comunicação compartilhada do Festival de Cultura, 2010.
Entre a vasta programação do Fórum Social Temático, que começa na terça-feira (24) em Porto Alegre e região, está a atividade autogestionária “Comunicação Compartilhada: experiências anteriores e expectativas para o II Fórum Mundial de Mídia Livre”, proposta pelo Coletivo Soylocoporti.
A oficina acontecerá na quinta-feira (26) às 13h na Casa de Cultura Mário Quintana – local que sediará o III Fórum de Mídia Livre.
Confira a proposta da atividade:
O intuito é contribuir para a mobilização, construção e difusão de iniciativas de comunicação compartilhada – debatendo o formato da experiência e instigando os interessados para a construção e planejamento de outras iniciativas e, em especial, do II Fórum Mundial de Mídia Livre.
O conceito de comunicação compartilhada explora a utilização do potencial descentralizador e multimidiático da internet, fundamental para criar visibilidade para iniciativas contra-hegemônicas e marginalizadas pela mídia tradicional. Mas, mais que isso, o seu uso em rede permite a articulação e a mobilização de atores, entrando numa era em que pontos isolados são substituídos por nós da rede e que a contribuição e a cooperação sobrepõem a competição.
Partindo de experiências como a da Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada e ampliando o escopo dos agentes envolvidos para além de jornalistas já inseridos no processo, o Coletivo Soylocoporti buscou formar novos comunicadores dispostos a tomar parte ativa na cobertura de atividades populares e alternativas. O Festival de Cultura do Paraná 2009 foi o laboratório efetivo dessa prática, a partir da qual pode-se contribuir com o FSM 10, FSM 11, Festival de Cultura 2009 e 2010, Teia Sul 2010, Teia Nacional 2010, FISL 2010 e as Jornadas de Agroecologia da Via Campesina 2010 e 2011 – contribuições relativas à produção de conteúdo, formas de distribuição, assim como reflexões sobre o método e a concepção geral das iniciativas.
Pretendemos apresentar os princípios, a metodologia e o resultado desssas iniciativas, incluindo a distribuição de seus produtos – a Cartilha da Cultura Digital (um mini-tutorial de como produzir e publicar conteúdos na rede) e a revista Festival (Cultura – da universidade às ruas), produzida a partir de contribuições da comunicação compartilhada. Em seguida, abriremos para o debate, visando coletar impressões e mapear iniciativas correlatas e parceiros. Um importante horizonte é a realização do II FMML, que antecederá a Cúpula dos Povos da Rio+20.
Quarta-feira 11 de janeiro de 2012, por Rita Freire
Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada
É a terceira edição promovida pela comunicação brasileira, desta vez com participação internacional, e exibe uma pauta que vai bem longe de um debate corporativo entre pequenos meios. É estratégica.
Dias 27 e 28 de Janeiro, a Casa de Cultura Mário Quintana, espaço acolhedor do centro da cidade de Porto Alegre, que ja foi moradia do poeta gaúcho que deu nome ao lugar, atrairá jornalistas, blogueiros/as, desenvolvedores e usuários de Software Livre e ativistas da comunicação para fazerem juntos o III Fórum de Mídia Livre.
O ambiente será particularmente propício nesses dias. O Fórum compartilhará espaço com o evento “Conexões Globais“, dedicado a oficinas e práticas de comunicação com uso de internet, e que falará por meio de painéis e webconferências com indignados e indignadas que mundo afora estão utilizando as redes para mudar regimes, contestar políticas autoritárias e defender direitos e democracia direta.
O Fórum de Midia Livre introduzirá nesse ambiente o debate conceitual e político e as propostas para uma comunicação radicalmente democrática. É a terceira edição promovida pela comunicação brasileira e exibe uma pauta que vai bem longe de um debate corporativo entre pequenos meios. É estratégica. Acena para o direito à comunicação como estruturante dos debates. Para as políticas públicas como condicionantes da regulação, acesso e democratização da mídia. E para a apropriação tecnológica como um dos horizontes imediatos do movimento e também ferramenta de mobilização.
Participarão organizações chave do movimento de comunicação brasileiro como Intervozes, Centro de Estudos da Midia Alternativa Barão de Itararé e FNDC – Fórum Nacional pela Democratização da Mídia, movimento Blog Prog (blogosfera progressista), publicações como Revista Fórum e Viração, coletivos desenvolvedores de plataformas em software livre (ver artigo), pontos de cultura como Pontão Ganesha de Cultura Digital e Pontão Eco, e iniciativas de comunicação compartilhada como a Rede Viração. Imersão Latina, Coletivo Soylocoporti, além da própria Ciranda e do site WSFTV. entre outros coletivos
Mesmo brasileiro, o Fórum de Mídia Livre mostra claramente que internacionalizou seus diálogos. Terá presenças vindas da primavera árabe, para uma ponte com o I Fórum de Mídia Livre no mundo afro-árabe, programado para este primeiro semestre ainda e que será apresentado por Mohamed Legthas, do portal Ejoussour, do Marrocos, ao lado de mídias que atuam na ou sobre a Palestina Ocupada, um estado de Apartheid em pleno século XXI.
Os debates terão contribuições de palestrantes da América Latina, que avança em políticas democratizadoras do setor e enfrenta enorme bombardeio dos grandes meios de comunicação. E será também o passo inicial de 2012 rumo ao II Fórum Mundial de Mídia Livre, que ocorrerá em junho deste ano, inserido no calendário da Cúpula dos Povos para a Rio + 20.
A programação geral do III Fórum de Mídia Livre pode ser conferida no site do FML.
A revista “Cultura – da universidade às ruas” já está disponível online. Trata-se de uma produção do Coletivo Soylocoporti a partir da Comunicação Compartilhada do Festival de Cultura, realizado desde 2006 em Curitiba.
Confira: http://issuu.com/soylocoporti/docs/revistafestivalcompleta
Saiba mais: http://festivaldecultura.art.br/noticias/festival-de-cultura-ganha-documentario-e-revista/
Com formato que não favorece o debate das políticas municipais de cultura, conferência será realizada no final do ano para cumprir tabela. Movimento Pró-Conselho de Cultura do Paraná convida para Conferência Livre preparatória.
Só pela data em que ocorrerá, 17 e 18 de dezembro, a III Conferência Municipal de Cultura de Curitiba já poderia ser questionada. Mas há outros agravantes: os eixos de discussão propostos são focados nos produtos, esvaziando o debate político; participantes não-inscritos não têm direito a voz; e o relato da II edição da Conferência, realizada em 2009, não consta entre os textos de apoio disponibilizados pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) na página eletrônica do evento, e o mais grave, o documento não existia até então em nenhum outro espaço virtual.
A realização de conferências municipais a cada dois anos é prerrogativa para que o município faça parte do Sistema Nacional de Cultura – e receba verbas do governo federal. Esse parece ser o único motivo que leva a FCC a realizar a Conferência, sendo o debate político aparentemente uma pedra no sapato a ser evitada ao máximo pela Fundação. Pelos eixos propostos, dá para perceber o quão difícil será discutir políticas públicas de fato – eles são voltados para os produtos, de maneira tecnicista, de modo a blindar o debate político.
Inscreva-se e informe-se sobre a III Conferência Municipal de Cultura de Curitiba – http://cmc2011.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/, e participe da Conferência Livre, quinta-feira (15) às 18h30 na rua Visconde de Nácar 1388, conjunto 12.
Diretrizes temáticas
Os eixos estabelecidos para essa Conferência são: I) Patrimônio Cultural e Natural; II) Design e Serviços Criativos; III) Artes Visuais e Artesanato; IV) Livros e Periódicos; V) Audiovisual e Mídias Interativas; e VI) Espetáculos e Celebrações. Agora compare com os eixos da Conferência anterior, que aderiu às sugestões nacionais: I) Produção Simbólica e Diversidade Cultural; II) Cultura, Cidade e Cidadania; III) Cultura e Desenvolvimento Sustentável; IV) Cultura e Economia Criativa; e V) Gestão e Institucionalidade da Cultura. A partir dos eixos de 2009, conseguimos construir propostas e travar o debate. Aparentemente, isso não é desejável – ao menos é o que as escolhas dos temas dessa conferência dão a entender.
Contraditoriamente, dois dos objetivos da III Conferência Municipal de Cultura de Curitiba, que constam no regimento, são:
I – Discutir a cultura com ênfase na construção de políticas transversais em nível local, regional e nacional, nos seus aspectos da memória, de produção simbólica, da gestão, da participação social e da plena cidadania;
VIII – Apresentar sugestões para a elaboração, implementação e acompanhamento do Plano Municipal de Cultura e recomendar metodologias de participação, diretrizes e conceitos para subsidiar a sua elaboração.
Voz ao povo
Na conferência passada, o regulamento não previa poder der voz aos participantes, somente por escrito. Por pressão do setor não-governamental, conseguimos reverter esse item do regimento na aprovação do mesmo, primeira etapa dos trabalhos da conferência. Esse ano o regimento prevê poder de voz e voto aos participantes, contudo os não-inscritos não têm poder a voz. Por quê? Qual a justificativa para negar a um cidadão, qualquer que seja, o direito de emitir sua opinião num espaço de construção de políticas públicas?
Sem memória
Outro ponto complicado é que entre os documentos de referência do evento, não está o relato da II Conferência Municipal de Cultura, realizada em 2009. Aliás, ele não está em nenhum lugar na internet, nem no site da FCC. Sorte que Yuki Dói, do Fórum de Dança de Curitiba, conseguiu uma cópia física como membro suplente do Conselho Municipal de Cultura, a qual escaneamos e disponibilizamos – http://issuu.com/soylocoporti/docs/conferencia_munic_2009_relatorio. Isso desvaloriza o trabalho da própria FCC, assim como o sentido da Conferência. Ou trata-se de um descuido imenso com a memória pública ou de fato não há interesse em dar continuidade, em aprofundar a construção coletiva.
Encontro preparatório
Em 2009, no processo de preparação da II Conferência, surgiu o Movimento Pró-Conselho de Cultura do Paraná, que aglutina entidades não-governamentais em prol da democratização da cultura. O Movimento atuou na II Conferência, de modo a apresentar propostas elaboradas conjuntamente que representem pontos de vista que não os da FCC – sendo que um dos principais elementos do exercício da democracia é a manifestação da pluralidade e o confronto de ideias.
Por isso, convidamos a debater e elaborar propostas coletivas – com apenas 20 pessoas, a reunião já passa a ser considerada Conferência Livre, e assim poderemos enviar propostas diretamente para a Conferências Municipal. Participe!
Conferência Livre de Cultura de Curitiba
15/12 às 18h30 (2a chamada – 19h)
Rua Visconde de Nácar, 1388 conjunto 12
Realização:
Movimento Pró-Conselho de Cultura do Paraná
Associação dos Compositores
Coletivo Soylocoporti
Fórum de Dança de Curitiba
Secretaria de Cultura PT-PR
Apoio: Membros dos Colegiados Setoriais e do CNPC de Música, Dança, Teatro, Culturas Populares, Artes Visuais e Literatura.
O Coletivo Soylocoporti lança o documentário e a revista Cultura – da universidade às ruas, que contam a história dos cinco anos do Festival de Cultura sob diferentes perspectivas
A partir de um acervo colaborativo de fotos, textos e material audiovisual, o Coletivo Soylocoporti produziu a revista e o documentário “Cultura – da universidade às ruas”. O evento de lançamento ocorrerá na quarta-feira (14) no Centro de Criatividade do Parque São Lourenço, a partir das 18h, com finalização prevista para as 22h.
A iniciativa conta com o apoio da Universidade Federal do Paraná (UFPR) – além da exibição do documentário, haverá coquetel e show com as bandas Urbit e Juruá. A revista será distribuída gratuitamente.
O acervo trabalhado abarca materiais dos cinco anos de Festival – de 2006 a 2010. A cobertura colaborativa é viabilizada por meio da Comunicação Compartilhada, uma prática inspirada nas ações de comunicação do Fórum Social Mundial que busca outras formas de se produzir comunicação, com motivos alheios ao mercado, voltada ao interesse público e ao exercício do direito à comunicação.
“O documentário foi produzido a partir de 35 horas de gravação, feitas por 15 colaboradores”, conta Gustavo Castro, editor do produto audiovisual. Inclusive no dia do evento todos estão convidados a cobrir em diferentes formatos e postar no blog da Comunicação Compartilhada – e quem sabe fazer parte de um próximo produto do Festival.
Comunicação Compartilhada
Dentro da perspectiva de um Festival plural e diverso, nada mais adequado que pensar a comunicação também de modo multifacetado. Partindo das experiências de comunicação compartilhada realizadas nos Fóruns Sociais Mundiais e após uma oficina de formação com Rita Freire, da Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada, iniciou-se em 2009 um processo de formação de equipe e de método de trabalho.
Jornalistas, Pontos de Cultura, video-makers, fotógrafos, estudantes e interessados em produzir conteúdo midiático sobre as atividades do Festival foram chamados para contribuir. Mesmo durante o evento seguiu-se distribuindo panfletos chamando as pessoas para fazerem parte da cobertura. A proposta era participar do Festival não apenas assistindo às apresentações, mas contribuindo para o registro das atividades a partir do olhar de cada um.
O resultado foi a produção, durante os quatro dias do Festival de 2009, de cerca de trinta textos, vinte vídeos e mais de três mil fotos. Muito mais foi feito em 2010, e a produção da revista e do documentário “Cultura – da universidade às ruas” vem para consolidar a Comunicação Compartilhada do Festival e contar essa história, de modo que permita cada vez mais o diálogo e a expressão de diferentes pontos de vista.
Festival de Cultura
Há seis anos, alguns diretórios acadêmicos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) pensaram em se reunir e produzir um encontro cultural. “Ainda não tínhamos uma estratégia clara do que queríamos com tudo aquilo, um Festival de Cultura que reunisse estudantes de todos os cursos da UFPR. Mas tínhamos a certeza de que era com movimento e cultura que transformaríamos a visão do Movimento Estudantil, aglutinando gente, bagunçando os pré-conceitos, causando uma aparente desordem, mas com muita organização”, conta João Paulo Mehl, do Coletivo Soylocopori, na época do Centro Acadêmico de Administração (CEAD).
Foram reuniões, conversas, correrias, shows, oficinas, debates e improvisos – tudo regado a muita disposição e construção coletiva. De 2006 a 2008, o Festival evoluiu junto com seus organizadores e participantes. “Nos unindo numa aglutinação de estudantes de várias áreas e tendências, deixando as diferenças de lado, foi possível construir algo novo e adentrar em terras nunca antes exploradas por aquela geração universitária, que foi somando ideias e abrindo portas”, lembra Angélica Varejão, também do Soylocoporti, e que fazia parte do movimento estudantil da UFPR. A iniciativa reuniu, além de Diretório e Centros Acadêmicos, entusiastas da cultura popular e alternativa, contando com apresentações culturais, debates, oficinas e exposições.
Em 2009, o Festival ultrapassou os muros da universidade e ocupou espaços públicos no centro de Curitiba, impulsionado pelo Pontão de Cultura Kuai Tema, iniciativa do Soylocoporti junto ao Ministério da Cultura (MinC). Nesse anos, a organização do Festival decidiu descentralizá-lo ainda mais, enfrentando mais desafios. Para além da parceria consolidada com a universidade, contou-se com o apoio do MinC e da Prefeitura de Curitiba, e os Pontos de Cultura*paranaenses somaram-se aos participantes dos outros anos.
*Pontos de Cultura são entidades reconhecidas e apoiadas financeira e institucionalmente pelo MinC que desenvolvem ações de impacto sociocultural em suas comunidades. Os Pontos são a principal ação do Programa Cultura Viva, iniciativa do Ministério da Cultura (MinC), concebido como uma rede orgânica de criação e gestão cultural. (fonte: Ministério da Cultura)
Amadurecimento
Uma barreira foi ultrapassada quando o Festival ampliou sua atuação da universidade às ruas – e o quinto Festival manteve essa proposta. Com o tema Unidade em Movimento, o objetivo dessa edição foi promover a reflexão sobre os motivos que unem os agentes da cultura popular e alternativa, assim como integrar suas perspectivas e ações. “Com menos apoio – devido à desarticulação do programa Cultura Viva por parte do MinC e o consequente estado de espera gerado no Pontão Kuai Tema (assim como em toda a rede de Pontos) – o Festival de 2010 foi feito na raça, de forma totalmente voluntária e colaborativa”, explica Michele Torinelli, do Soylocoporti.
Vale destacar que, em todas suas edições, as atividades do Festival na Universidade, nas praças e ruas de Curitiba são disponibilizadas gratuitamente para a população – sejam oficinas, debates, exposições, mostras ou apresentações culturais. Em 2009, foram mais de 130 atividades gratuitas, realizadas em locais públicos.
História
São milhares de pessoas que ao longo desses cinco anos dialogaram, desenvolveram seu olhar, mostraram sua cultura, expandiram sua arte. Centenas de pessoas que passaram pela organização do Festival, e descobriram como criar a ponte entre o ideal e o real. É um amadurecimento que aglutina universidade, estudantes, coletivos, movimentos e agentes da cultura popular. Que cria a ponte entre diversos setores da sociedade, oferecendo atividades gratuitas à população – mais de 15 mil pessoas foram atingidas ao longo desses cinco anos de Festival.
Em 2011 a organização do Festival optou por resgatar o acervo desses cinco anos produzindo um documentário e uma revista sobre o Festival de Cultura. Outra medida adotada é a formação de um Comitê Organizador permanente, que já tem se reunido e planejado o Festival de Cultura 2012, com o objetivo de profissionalizá-lo e torná-lo perene.
Serviço
Lançamento da revista e do documentário “Cultura – da universidade às ruas”
14 de dezembro (quarta-feira)
Centro de Criatividade do Parque São Lourenço (rua Mateus Leme s/n)
18h às 22h
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Contatos
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Editora da revista “Cultura – da universidade às ruas”
Gustavo Castro – 41 9622 7997
Editor do documentário “Cultura – da universidade às ruas”