quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Conferência Livre Municipal de Cultura e Comunicação

, , ,

conferencia_cultura_comunicacao

Nenhum comentário »

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

I Conferência Livre de Comunicação de Curitiba e Região Metropolitana

flyer

Nenhum comentário »

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Conferência Municipal de Cultura

Realizou-se nesse último sábado, 19/09, a etapa municipal da II Conferência de Cultura. Foram discutidas as políticas públicas de cultura e encaminhadas estratégias para a Fundação Cultural de Curitiba e para as etapas estadual e nacional da conferência.

Plenária de abertura da II Conferência Municipal de Cultura.

Plenária de abertura da II Conferência Municipal de Cultura.

“Muita gente morre de ditadura, mas nunca vi ninguém morrer de democracia”, declarou João Ribeiro, representante do Ministério da Cultura (MinC), na plenária de abertura da II Conferência Municipal de Cultura, realizada no Memorial de Curitiba. Segundo o regimento, nas plenárias inicial e final os participantes teriam direito à voz somente por escrito. Após a circulação de abaixo-assinado contra essa postura e manifestações de representantes da sociedade civil, definiu-se que a palavra estaria aberta na plenária final.

João Ribeiro, do MinC, em conversa com representantes da sociedade civil.

João Ribeiro, do MinC, em conversa com representantes da sociedade civil.

As inscrições para a etapa municipal foram disponibilizadas somente por internet, mas devido ao baixo número de participantes, permitiu-se a inscrição no local. Estiveram presentes representantes do poder público, das classes culturais e da sociedade civil como um todo para discutir as políticas públicas de cultura, principalmente na esfera municipal. “Há questões na cidade que precisam ser garantidas por força de lei, que não são plenamente contempladas por editais”, afirmou Paulino Viapiana, presidente da Fundação Cultural de Curitiba.

Produção colaborativa

À tarde, os participantes trabalharam em Grupos de Discussão (GDs), divididos em 5 eixos temáticos: “Produção simbólica e diversidade cultural”, “Cultura, cidade e cidadania”, “Cultura e desenvolvimento sustentável”, “Cultura e economia criativa” e “Gestão e institucionalidade da cultura”. Cada eixo elegeu um delegado, com exceção do eixo “Cultura, cidade e cidadania”, que, por possuir maior número de participantes, elegeu dois delegados.

Cada GD definiu 10 estratégias: 2 de âmbito nacional, 2 de âmbito estadual e 2 de âmbito municipal para serem encaminhadas à etapa estadual, somando-se às 4 direcionadas exclusivamente à Fundação Cultural de Curitiba. “Tiramos leite de pedra”, acredita Érico Massoli, do Coletivo Soylocoporti e do Fórum Paranaense Pró-Conferência de Cultura. “As inscrições, somente por internet, foram restritivas, além do que 1 dia para discussão é muito pouco. As pessoas não participaram porque não houve divulgação efetiva. Contudo, os resultados foram gratificantes, no que se refere à escolha dos delegados e às políticas aprovadas, apesar das circunstâncias”, conclui.

Os delegados e suplentes eleitos por eixo foram:

Produção simbólica e diversidade cultural
Renato Paulo Carvalho – Titular
Michele Caroline Torinelli – Suplente

Cultura, cidade e cidadania
Loana Campos – Titular
Hany Lissa Morgenstern – Titular
Oilson Antônio Alves – Suplente

Cultura e desenvolvimento sustentável
Gustavo Roberto Gaio – Titular
Claudia Terezinha Washington – Suplente

Cultura e economia criativa
Teo Ruiz – Titular
Roberta Schwambach – Suplente

Gestão e institucionalidade da cultura
Marila Anibelli Vellozo – Titular
Oswaldo Aranha – Suplente

6 comentários »

sábado, 15 de agosto de 2009

Ato do Dia Nacional de Lutas reúne mais de dois mil trabalhadores paranaenses

, ,

Organizações sociais de Curitiba e Região Metropolitana mobilizam-se pela defesa de direitos trabalhistas e contra as demissões justificadas pela crise.

Manifestantes partem da Praça Santos Andrade com destino à Boca Maldita.

Manifestantes partem da Praça Santos Andrade com destino à Boca Maldita.

Nesta sexta-feira, 14 de agosto, centrais sindicais, entidades e movimentos sociais saíram às ruas de Curitiba. O ato iniciou-se com concentração na Praça Santos Andrade, seguida de passeata com destino à Boca Maldita. Mais de duas mil pessoas unificaram reivindicações e deixaram claro que o trabalhador não vai pagar pela crise. As mobilizações, ocorridas em 12 capitais brasileiras, integram a Jornada Nacional de Lutas.

Ato toma as ruas de Curitiba.

Em meio a música, teatro e outras atividades culturais, diversos setores pronunciaram-se em defesa de uma sociedade que priorize os direitos humanos. “Reunimos todas as forças populares e mostramos que a esquerda está fortalecida na sociedade brasileira. Foi um dia de luta e de protestos contra a burguesia e o capitalismo, que nada mais é que a sociedade da exploração, e esse modelo não serve para nós trabalhadores”, esclareceu Roberto Baggio, membro da coordenação estadual do Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

As manifestações integradas se justificam pela divisão das perdas num sistema que monopoliza lucros. “O povo não é o culpado pela crise. Ela é resultado de um sistema que entra em crise periodicamente e transforma o planeta em uma imensa ciranda financeira, com regras ditadas pelo mercado. Diante do fracasso desta lógica excludente, querem que a Classe Trabalhadora pague pela crise”, aponta carta da Comissão Nacional de Organização da Jornada.

Interlocução entre reivindicações trabalhistas e a luta pela democratização da comunicação

Anderson Moreira, pela CPC/PR, entrevistou André Machado, do Sindicato dos Bancários. Interlocução entre reivindicações trabalhistas e a luta pela democratização da comunicação.

Anderson Moreira, pela CPC/PR, entrevista André Castelo Branco, do Sindicato dos Bancários.

A Comissão Paranaense Pró-Conferência de Comunicação (CPC/PR) agregou a questão da democratização da comunicação à Jornada, tendo em vista a repressão exercida pela mídia comercial aos movimentos sociais e a realização da I Conferência Nacional de Comunicação, cuja etapa nacional está prevista para dezembro.

Érico Massoli, do Coletivo Soylocoporti e da CPC/PR, acredita que ações unitárias colaboram na congregação do campo social. “A direita se une com extrema facilidade, no teor do capital, mas a esquerda ultimamente tem perdido essa capacidade de dialogar com os próximos em busca de uma força ainda maior. Hoje isso foi possível”, ponderou.

Reivindicações para enfrentar a crise e suas conseqüências – carta da Comissão Nacional de Organização da Jornada

• Fim das demissões
• Ratificação das convenções 151 e 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
• Fim do superávit primário
• Redução das taxas de juros
• Redução da jornada sem redução de salário
• Manutenção e ampliação dos direitos sociais e trabalhistas
• Reforma agrária e reforma urbana
• Fim do fator previdenciário
• Petrobrás e riquezas do pré-sal sob controle do povo
• Saúde, educação e moradia
• Uma lei que proíba as demissões em massa
• Continuidade da valorização do salário mínimo
• Solidariedade internacional aos povos em luta no mundo todo
• Contra o latifúndio dos meios de comunicação
• Contra a privatização dos serviços postais

Comissão Nacional de Organização da Jornada:
CGTB, CTB, CUT, Força Sindical, NCST, UGT, Intersindical, Assembléia Popular, Cebrapaz, CMB, CMP, CMS, Conam, FDIM, Marcha Mundial das Mulheres, MST, MAB, MTL, MTST, MTD, OCLAE, UBES, UBM, UNE, Unegro/Conen, Via Campesina, CNTE, Círculo Palmarino.

Fontes:
• http://terrasimbarragemnao.blogspot.com/2009/08/jornada-nacional-de-luta-dos.html
• http://www.cutpr.org.br/noticia.php?id=3238

Fotos: Michele Torinelli

2 comentários »

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Coletivo Soylocoporti é contemplado com premiação do MinC

, ,

O Ministério da Cultura divulgou hoje, no Diário Oficial, a lista dos contemplados com o Prêmio de Apoio à Pequenos Eventos. O Coletivo Soylocoporti foi beneficiado na categoria de pontos de cultura, com o valor de cinquenta mil reais. O montante será aplicado no desenvolvimento e execução do Ciclo Paranaense de Cultura Digital – uma série de atividades que irá debater a cultura digital e capacitar pontos e entidades culturais no uso de ferramentas de comunicação em software livre.

Serão três seminários regionais, um seminário estadual e um laboratório prático de cobertura compartilhada. O primeiro seminário regional acontece em Curitiba, nos dias 03 e 04 de agosto, e será voltado para os pontos de cultura da capital, região metropolitana, litoral e Campos Gerais. O segundo, realizado em Cambé, nos dias 27 e 28 de agosto, terá como público os pontos de Londrina e região norte do estado. Já o oeste do Paraná receberá o seminário em meados do mês de setembro, restando ainda definir o local e a data exata.

Já o seminário estadual acontecerá na véspera do Festival de Cultura do Paraná, no dia 18 de novembro. O objetivo será aprimorar o uso dos blogs e da rede Kuai Tema, de modo a praticar, durante o Festival, a cobertura compartilhada do evento. Portanto, os pontos e entidades culturais participarão do Festival de Cultura propondo e realizando atividades, mas também cobrindo e produzindo material escrito e audiovisual sobre a atividade.

Com o Ciclo Paranaense de Cultura Digital e os trabalhos do Pontão de Cultura Kuai Tema pretende-se propiciar aos atores e pontos culturais do estado a possibilidade de discutir a cultura digital e trocar experiências, acumulando conjuntamente a capacidade de construir por meio da rede e, portanto, de publicizar seus trabalhos e iniciativas.

5 comentários »

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Agende-se: CPC/PR realiza reunião operativa e debate concessões de rádio e TV

, ,

Retirado do site: www.proconferenciaparana.com.br

A Conferência de Comunicação se aproxima e com ela o desafio de colocarmos em pauta nossas demandas e propostas para o setor. E, para seguirmos organizando a luta e também nos formando para os debates, teremos nos próximos dias dois importantes compromissos. Agende-se e participe:

17/07, sexta-feira, 9 horas
Reunião operativa da CPC/PR

APP Sindicato – Rua Voluntários da Pátria, 475, 14 andar
Na pauta, a regionalização dos debates, assinatura do decreto e audiência com o governador e tarefas alocadas nos núcleos de comunicação, mobilização e planejamento.

22/07, quarta-feira, 18h30min
Debate: Propriedade e concentração dos meios de comunicação

APP Sindicato – Rua Voluntários da Pátria, 475, 14 andar
Palestrante: João Brant (Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social)

O monopólio da comunicação por famílias e grupos empresariais transformam um direito fundamental em um meio para o fortalecimento de poder político e econômico de poucas pessoas no Brasil. A visão patrimonialista do setor em contraposição ao direito humano à comunicação são o cerne desse debate.

Nenhum comentário »

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Comunidade quilombola apresenta “Encanto das Três Raças”

, , , ,

Por Michele Torinelli

Atividades de resgate cultural e desenvolvimento artístico na comunidade quilombola Paiol de Telha, em Guarapuava, resultam em apresentação de artes cênicas, música e dança.

Apresentação do Kundun Balê na Unicentro.

Apresentação do Kundun Balê na Unicentro.

O Instituto Afro Brasileiro Belmiro de Miranda estreiou o espetáculo Encanto das três raças, inspirado no sincretismo cultural brasileiro. A apresentação aconteceu no auditório da Unicentro, na cidade de Guarapuava, no dia 19 de junho – em setembro será a vez de Curitiba.

O trabalho é fruto de uma parceira entre a Assema – Associação Espiritualista Mensageiros de Aruanda, formada por umbandistas residentes em Curitiba que desenvolvem a espiritualidade

Coreografia inspira-se sincretismo das festas juninas.

Coreografia inspira-se em sincretismo das festas juninas.

afro-brasileira com a comunidade quilombola; o grupo artístico Mandorová, de Guarapuava; e a Companhia de Música e Dança Afro Kundun Balê, formada por jovens da comunidade quilombola Paiol de Telha. A companhia é coordenada por Orlando Silva, diretor do espetáculo.

O Soylocoporti aceitou o convite feito pela Assema para assitir a apresentação na sexta-feira e passar o fim de semana no Paiol de Telha. A experiência terá como resultado um documentário, a ser elaborado pelo coletivo, abordando a realidade da comunidade e a importância do trabalho de resgate cultural e autodeterminação.

O espetáculo

Grupo Mandorová trata o sincretismo entre cristianismo e paganismo no "Encanto das três raças".

Grupo Mandorová explora as relações entre cristianismo e paganismo no "Encanto das três raças".

A mistura do catolicismo e do espiritismo com religiões afro e com a pajelância, o candomblé e a umbanda, é o enfoque do Encontro das três raças, o terceiro espetáculo apresentado pelo Kundun Balê. “A gente veio sendo preparado ao longo dos três anos que o grupo existe, adquirimos experiência, o que agilizou os nossos ensaios, desde o começo do ano para cá”, afirma Isabela Cruz (Anaxilê), uma das integrantes da companhia. O cenário, feito artesanalmente, foi criado pelo artista plástico Alex Kua, e quem assina o figurino é Marcio Ramos. Ambos são integrantes do Grupo Mandorová.

O espetáculo trabalha com as energias naturais e com os Orixás, envolvendo percursão, teatro e dança. “Foi bem gratificante mostrar algumas coisas sobre a umbanda no palco porque tem muita gente que não conhece e não procura conhecer, exemplo disto é que os 100 anos da religião passou meio batido no Brasil”, lembra Patrícia Oliveira, membro da Assema.

Comunidade Quilombola Paiol de Telha

Localizada a 30 km da cidade de Guarapuava, a comunidade trava inúmeras batalhas na luta pela terra e pela garantia de seus direitos, através da resistência política e cultural. As terras foram herdadas por escravos no século XIX – a proprietária era viúva e não tinha filhos. Porém, com a colonização alemã e o desenvolvimento econômico da região, a comunidade teve suas terras griladas, e essa disputa continua até hoje.

Vista da cozinha do centro cultural da comunidade.

Vista da cozinha do centro cultural da comunidade.

A comunidade é excluída de políticas públicas. Há pouco tempo conquistaram o transporte escolar – até então as crianças tinham que andar 2 km até o ponto de ônibus. Os universitários, que conseguiram bolsa de estudos em Guarapuava, não têm acesso a transporte noturno, o que os força a caminhar os 6 km de estrada de chão até o Paiol de Telha. Devido a esse problema, alguns deles trancaram o curso. “Nossas crianças custam muito pouco para o governo. Não consomem drogas, não perambulam pelas ruas da cidade. Elas estão aqui, estudando, dançando e representando Guarapuava pelo Paraná afora e não há esse reconhecimento. Isso nos causa revolta, porque em tempos de eleições a nossa comunidade passa a existir no mapa do município porque somos eleitores”, afirma a líder comunitária Ana Maria Alves da Cruz Oliveira.

A comunidade é repleta de belezas naturais.

A comunidade é repleta de belezas naturais.

Alguns moradores são agricultores, outros trabalham na cidade ou participam de projetos. Há dois em andamento: um deles envolve as oficinas e espetáculos; outro o turismo cultural. Porém, o financiamento continua sendo um grande obstáculo a ser vencido pelo instituto. Muito do necessário é fornecido por amigos, que doaram, por exemplo, parte do material para a sede do centro cultural da comunidade, construído recentemente.

Há muita vegetação, plantações, córregos e cachoeiras no Paiol de Telha. Cerca de 65 famílias moram na comunidade – outras estão acampadas na beira da estrada que contorna parte da terra que pertence a eles e que não lhes foi devolvida.

Cultura e espiritualidade

Representação dos ciganos no espetáculo "Encanto das três raças".

Representação dos ciganos no espetáculo "Encanto das três raças".

“O ritmo, o canto, a dança, os usos e costumes, na maioria das vezes, passam despercebidos e desconhecemos a riqueza dos vários brasis. A falta de conhecimento que tem como principal causa o preconceito, por exemplo, faz o brasileiro jogar no ostracismo o fato do Brasil ter uma religião essencialmente nacional, que nasceu pela junção das crenças dessas três raças”, explica o educador e percussionista Orlando Silva, referindo-se aos indígenas, europeus e africanos.

O encontro da Assema com o Kundun Balê deu-se numa comemoração do centenário da umbanda.“Tenho uma inquietude com a falta de interesse pelos 100 anos do surgimento da umbanda no Brasil, que foi em 2008. Quase ninguém tocou nesse assunto, a não ser em um evento realizado pela Associação Espiritual Mensageiros de Aruanda que fez um encontro na Ópera de Arame e no qual o Kundun foi a atração”, afirma Orlando Silva. “Foi amor à primeira vista com essas crianças e adolescentes”, conta Michelle Margotte, da Assema. No Encanto das três raças, integrantes da associação de umbanda participam tocando e dançando.

Parceiros e agenda

Emocionados, participantes comemoram ao final da estréia.

Emocionados, participantes comemoram ao final da estréia.

O espetáculo faz parte do projeto Herança Cultural, que integra o sub-programa Diálogos Culturais, proposto pela Fundação Rureco, sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). A iniciativa conta com apoio da Unicentro, Tribuna, Rede Sul de Notícias, Goes&Periolo, Tevê Câmara-Canal Legislativo e Tevê Educativa do Paraná.

Próximas apresentações:

Curitiba – 11 de setembro – Canal da Música
Curitiba – novembro – Teatro Guaíra

Algumas informações e depoimentos dessa matéria foram tirados do blog do Kundun Balê e da Rede Sul de Notícias.

17 comentários »

sábado, 27 de junho de 2009

Inti Raymi – solsístio de inverno em Buenos Aires

, ,

 Por Júlia Basso Driesen

Sábado, dia 21 de junho, ocorreu a grande comemoração do Solstício de Inverno, realizada por grupos de povos andinos e simpatizantes dos costumes e das causas indígenas. A festa foi documentada pelo Coletivo Soylocoporti – o documento final será produto da parceria estabelecida entre o coletivo e companheiros argentinos.

A comemoração do ano novo dos povos originários, Solstício de Inverno, representa a mudança de um ciclo da natureza em que a noite mais longa do ano encerra uma etapa, e a partir de então os dias vão se alargando. A festa mostra a cosmologia indígena, que trata o tempo de outra forma, e as relações interpessoais também.

Roda de sikuris (músicos tradicionais).

Roda de sikuris (músicos tradicionais).

O evento começou na noite de 21 de junho e se prolongou até a manhã seguinte. A noite é repleta de fogueiras para aquecer, esquentar a bebida e fazer a comida, partilhada por todos; há barracas para descanso e bandas de sikuris – grupos que tocam as quenas e os tambores – que se revezam em distintas rodas, cantando e dançando com a alegria da passagem do ano. Após os bailados dos sikuris, é o momento de cada roda fazer seus agradecimentos e pedidos para o novo ano que se inicia, realizando oferendas que são, então, levadas para uma grande fogueira comunitária. Todos se reúnem ao redor desta fogueira e alguns realizam discursos, cada um com um foco (político, espiritual, cultural etc) e esperam a vinda do sol. Ao amanhecer todos se voltam para o sol, erguem suas mãos como forma de captar a energia da vida, e reverenciam o grande Pai Sol.

Participantes do Inti Raymi se reúnem em volta da fogueria.

Participantes do Inti Raymi se reúnem em volta da fogueria.

Interessante perceber a comemoração do Inti Raymi em uma cidade como Buenos Aires, que não segue oficialmente o calendário mapuche. Esse evento proporciona a reflexão sobre a migração latino-americana (mais especificamente peruana e boliviana), e a situação dos migrantes residentes na metrópole.

O Soylocoporti esteve presente em todo o evento: pudemos participar dos rituais e conversar com indígenas – que discutem a situação dos migrantes em grandes centros, e também com não-indígenas – que lutam pela equalização dos direitos efetivos, e de melhores condições aos indígenas. Teremos como resultado final desta experiência um produto áudiovisual, fruto do trabalho com parceiros identificados na própria festa.

Os dias seguidos ao Inti Raymi foram dias de reflexão, discussão, organização e fechamento de parcerias entre os membros que participaram da comemoração e documentaram de alguma forma o evento.

No domingo assistimos os vídeos e conversamos muito sobre o que fazer com o material colhido durante a estada em Buenos Aires – o que a festa representou para cada um, as impressões e reflexões, qual linha de atuação seguir e quais possíveis colaboradores poderíamos buscar para um futuro trabalho.

Integrantes do Soylocoporti conversam com diretor da escola onde o Inti Raymi é celebrado.

Integrantes do Soylocoporti conversam com diretor da escola onde o Inti Raymi é celebrado.

Segunda-feira, nosso último dia na capital argentina, fomos primeiramente registrar o Inti Raymi realizado em uma escola municipal, que traz às crianças estudos de temas centrais sobre as questões dos povos originários (as histórias, as crenças, os costumes, a situação atual etc). Conversamos muito com o diretor, que colocou a importância do estudo de temas que fazem parte da realidade dos alunos, para que estes possam entender com mais clareza o que é ser latino-americano, e lidar com questões cotidianas com maior relativização e compreensão.

Celebração do Inti Raymi para crianças.

Celebração do Inti Raymi para crianças.

Após o Inti Raymi infantil, fomos à reunião com um dos representantes do coletivo COCOBO (Cordinadoria de la Colectividad Boliviana), responsável pela realização do Inti Raymi em Buenos Aires. Propomos o início de uma parceria entra as duas instituições, que se daria, primeiramente, a partir da produção audiovisual do material captado pelo coletivo Soylocoporti referente ao Solstício de Inverno, a ser editado e produzido por membros dos dois coletivos. A proposta foi aceita e a reunião bem sucedida, dando início a mais uma parceria latino-americana entre organizações que lutam por um mesmo fim, buscando fortalecer os laços de cooperação e solidariedade entre os países irmãos.

4 comentários »

terça-feira, 23 de junho de 2009

Expedição Kuai Tema visita região norte do Paraná

, , ,

Entre os dias 31 de maio e 6 de junho parte da equipe Kuai Tema esteve em expedição visitando os pontos de cultura da região norte do Paraná. O documentador, Gustavo Guedes, e o articulador, Érico Massoli, conheceram in loco a realidade vivida pelas comunidades impactadas pelas iniciativas e também as dificuldades e desafios enfrentados pelas associações culturais que tocam os projetos.

Ao todo foram visitadas nove iniciativas nas cidades de Londrina, Maringá, Cambé, Cornélio Procópio e Sertanópolis. Embora nem todos sejam pontos de cultura oficialmente conveniados com o MinC, já realizam atividades culturais com a comunidade e têm relevância local. Além disso, foram realizadas conversas com alguns órgãos públicos e parceiros potenciais.

Dentre os pontos de cultura visitados estão: Resgate da Cultura Camponesa, de Maringá, Malha Cultural e Cidadania, de Cambé, Arte por toda arte, de Cornélio Procópio, Pólo APAC, de Sertanópolis e Casa do Teatro do Oprimido, Escola Londrinse de Circo, Cia de Theatro Fase 3, Kino Arte e Pontão Cuca PR, todos de Londrina.

De modo geral, as impressões são positivas. Para o articulador Érico Massoli, “percebeu-se que os pontos são, via de regra, articuladores culturais importantes, buscando exercer a função social da cultura”. Evidente que a realidade encontrada não é homogênea e que há disparidades na atuação dos pontos. Alguns deles atuam voltados para públicos segmentados, como o Cuca, cujo objetivo é atingir os estudantes universitários de Londrina. Já outros estão mais preocupados com o impacto comunitário, buscando levar oficinas de arte a pessoas em situação de risco social – caso do Malha Cultural e Cidadania.

Segundo o documentador Gustavo Guedes, “nos municípios menores, onde a política cultural é, geralmente, tratada como acessório, é possível reconhecer de forma mais direta o impacto, uma vez que a comunidade, como não tem muitas opções disponibilizadas pelo poder público, se apropria das iniciativas de forma concreta”.

Para que o mergulho na cultura paranaense não pare por aqui, o Soylocoporti e o Pontão de Cultura Kuai Tema seguirão publicando matérias sobre as iniciativas visitadas. O objetivo é detalhar e esmiuçar tanto o impacto quanto as dificuldades encontradas pelos bravos paranaenses que se dedicam à inglória luta de se fazer cultura no estado.

Nosso viés continuará sendo o direito humano à cultura e as diversas formas de exercer essa função social básica que a cultura e a arte devem ter. Venha conosco nessa expedição! Siga nos acompanhando pelo blog: www.kuaitema.soylocoporti.org.br ou visite nosso portal: www.soylocoporti.org.br.

1 comentário »

sábado, 20 de junho de 2009

Associações culturais de Buenos Aires

, ,

Por Júlia Basso Driesen

Já é nosso segundo dia na cidade, o frio apaziguou e pudemos sair de casa sem temer tanto o vento gelado.

O amigo Diego, o qual também é nosso anfitriao, na distribuiçao do jornal Hecho en BsAs.

O amigo Diego, o qual também é nosso anfitriao, na distribuiçao do jornal Hecho en BsAs.

O dia foi bem produtivo, além de conhecermos vários bairros diferentes, suas ruas e seus aspectos peculiares, fomos, junto a Pablo, conhecer algumas das instituições em que ele trabalha.

A primeira parada foi na sede da revista Hecho en Buenos Aires. Ficamos todos impresionados com a dinâmica de funcionamento do veículo, pois não são simplesmente jornalistas, editores e fotógrafos que trabalham na redação, mas também, e principalmente, os vendedores da Hecho en Buenos Aires.

Escola de circo Trivenchi. Está com risco de fechamento pela autoridade municipal comandada pelo governador de direita Mauricio Macri.

Escola de circo Trivenchi. Está com risco de fechamento pela autoridade municipal comandada pelo governador de direita Mauricio Macri.

 

 

A revista se propõe a um trabalho de base junto aos vendedores, que são todos ambulantes (mas têm um cadastro oficial na revista para receber serviços de atenção). Eles ficam com a maior parte da renda da venda da revista – a Hecho en Buenos Aires custa 3 pesos argentinos e destes 2,10 pesos vão para o vendedor. Além disso, existe um calendário na sede, com os horários de aulas de inglês, espanhol, oficinas artísticas, dentre outros, oferecidas aos vendedores gratuitamente. Portanto, além de uma revista, trata-se de um projeto de transformacão social que visa a capacitação de atores marginalizados que vêem na Hecho uma possibilidade de subsistência e desenvolvimento pessoal através de arte, estudo e interação com companheiros que freqüentam o lugar. O interessante é que a Hecho en Buenos Aires é uma autêntica iniciativa de mídia livre, pois transcende o conceito da “especialidade” da comunicação para torná-la um instrumento de emancipação das pessoas envolvidas.

Associaçao Resplendor del Sur em oficina de dança chacarera.

Associaçao Resplendor del Sur em oficina de dança chacarera.

Saindo da sede da revista, caminhamos mais um tanto e entramos no galpão da Associação Resplendor del Sur. O local estava cheio de crianças, mulheres e homens em atividade –  trabalhando, lendo, costurando, conversando e correndo de um lado para o outro. A iniciativa atende cerca de 400 pessoas da comunidade, servindo almoço e disponibilizando aulas e oficinas durante o dia todo, além de contar com uma biblioteca. Todos foram muito amáveis conosco, tendo conversado, respondido às nossas perguntas e permitido que assistíssemos algumas oficinas oferecidas por voluntários.

Em seguida partimos novamente para casa, pois a noite já caía há tempos e precisávamos de uma boa dormida, já que o Inti Raymi nos aguarda.

Buenos Aires, 19 de junho de 2009.

1 comentário »