Por Júlia Basso Driesen
Já é nosso segundo dia na cidade, o frio apaziguou e pudemos sair de casa sem temer tanto o vento gelado.
O dia foi bem produtivo, além de conhecermos vários bairros diferentes, suas ruas e seus aspectos peculiares, fomos, junto a Pablo, conhecer algumas das instituições em que ele trabalha.
A primeira parada foi na sede da revista Hecho en Buenos Aires. Ficamos todos impresionados com a dinâmica de funcionamento do veículo, pois não são simplesmente jornalistas, editores e fotógrafos que trabalham na redação, mas também, e principalmente, os vendedores da Hecho en Buenos Aires.
A revista se propõe a um trabalho de base junto aos vendedores, que são todos ambulantes (mas têm um cadastro oficial na revista para receber serviços de atenção). Eles ficam com a maior parte da renda da venda da revista – a Hecho en Buenos Aires custa 3 pesos argentinos e destes 2,10 pesos vão para o vendedor. Além disso, existe um calendário na sede, com os horários de aulas de inglês, espanhol, oficinas artísticas, dentre outros, oferecidas aos vendedores gratuitamente. Portanto, além de uma revista, trata-se de um projeto de transformacão social que visa a capacitação de atores marginalizados que vêem na Hecho uma possibilidade de subsistência e desenvolvimento pessoal através de arte, estudo e interação com companheiros que freqüentam o lugar. O interessante é que a Hecho en Buenos Aires é uma autêntica iniciativa de mídia livre, pois transcende o conceito da “especialidade” da comunicação para torná-la um instrumento de emancipação das pessoas envolvidas.
Em seguida partimos novamente para casa, pois a noite já caía há tempos e precisávamos de uma boa dormida, já que o Inti Raymi nos aguarda.
Buenos Aires, 19 de junho de 2009.