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9ª Jornada de Agroecologia: por uma outra produção de alimentos

quinta-feira, maio 20th, 2010

Michele Torinelli e Pedro Carrano

de Francisco Beltrão

Imagens: Michele Torinelli

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Momento da marcha de abertura da jornada

“O alimento saudável é o remédio para as doenças”, frase do caminhão de som.

Depois de anos sem realizar marcha de abertura, seja pelo tempo chuvoso ou por ameaças de repressão, a Jornada de Agroecologia deste ano levou milhares de militantes às ruas de Francisco Beltrão. “A marcha é uma forma de se apresentar para a sociedade como um todo. Se ficamos isolados não expressamos nosso pensamento”, aponta Avelino Callegari, secretário da Assessoar – Associação de Estudo, Orientação e Assistência Rural, entidade que atua em 18 municípios do sudoeste do Paraná.

Atualmente, Francisco Beltrão é um território de expressão do agronegócio, na produção de carne e frango, por meio do conhecido sistema de “integração”. As empresas têm sistema de contrato da família camponesa, subordinada a este processo de exploração da renda da terra, como explica José Maria Tardin, da coordenação da Jornada.

Neste contexto, famílias assinam contratos diretamente com grandes corporações. “Subordinadas a um pacote e a um padrão de tecnologia, o que gera endividamento permanente, a família passa a ter um padrão de entrega de mercadoria, sem qualquer capacidade de influir nos preços, seja dos insumos, seja da mercadoria. Um esquema de servidão moderno, no qual as famílias camponesas têm um vinculo total dos preços, são proprietárias ou arrendatárias, mas o produto é completamente alienado. A jornada marca este momento de combate e de tensionamento”, define.

Outro eixo importante da Jornada, colocado na ordem do dia no debate atual, é a dimensão do uso de fertilizantes no Brasil, hoje o maior consumidor mundial do produto, situação diretamente ligada à perspectiva neoliberal na agricultura. “Com a transgeníase, as empresas encontram uma maneira de, via sementes, impor um padrão tecnológico, o que inclui os agrotóxicos de forma determinante. Hoje, 75% das sementes transgênicas estão desenvolvidas para determinado agrotóxico, trata-se de um nível de vinculação através da semente que antes estas empresas não conseguiam”, explica.

A necessidade de diálogo com a população para a construção de alternativas incita a organização de atividades públicas como essa. Para Callegari, a marcha podia acontecer todos os dias, expandir para instituições de ensino, religiosas e poder público.

Alternativa agroecológica

De acordo com Luiz Perin, dirigente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), a escolha de Francisco Beltrão como sede da jornada pela segunda vez consecutiva se deve à organização dos movimentos na região e ao intenso desenvolvimento da produção agroecológica. “Aqui estão sendo construídas alternativas de sustentabilidade, o que implica o respeito à natureza e a produção de alimento limpo, favorecendo a saúde humana”, contextualiza.

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Luiz Perin, dirigente da Fetraf

Perin defende que formas sustentáveis de cultivo agregam valor à agricultura familiar, gerando renda para as famílias ao invés de financiar o agronegócio. “A jornada serve para mudar, porque tem muitas famílias que não utilizam a agroecologia”, defende Anselmo Rodrigues Santos, agricultor integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).

Somatória de organizações

Paulo de Souza, da região de Capanema, é um dos representantes das diferentes organizações do campo presentes no encontro. Membro de uma rede de cooperativismo de crédito, que agrega 78 cooperativas e cerca de 80 mil famílias, o dirigente enxerga na agroecologia a saída para o temário do desenvolvimento sustentável.

Além de camponeses, o encontro conta com diversos estudantes. Thomas Parrili, estudante de Agronomia, acredita que a jornada é um importante momento para reunir experiências de agroecologia de todo estado.

Contexto Histórico

A Jornada de Agroecologia geralmente é organizada em locais onde há um contexto de enfrentamento de projetos. Foi assim nas edições na cidade de Cascavel, em meio ao conflito com a empresa transnacional suíça Syngenta Seeds, acusada de diversos crimes de contaminação do ambiente pelos transgênicos.

Francisco Beltrão, por sua vez, é uma região com tradição histórica de resistência, desde o capítulo de 1957 conhecido como a “Revolta dos Colonos”. Nos anos 1970, foi o palco do surgimento dos movimentos de luta pela terra e na década de 1980 assistiu ao nascimento do sindicalismo combativo na região. “O sudoeste também se colocou como pioneiro no que se chamava de agricultura alternativa e logo depois se expressa como agroecologia. É uma região pioneira na luta e na combatividade”, comenta José Maria Tardin, da coordenação da Jornada.

Construtores da Jornada

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“Chocolate”, militante e poeta do MST

Ariulino Alves Morais, o “Chocolate”, militante e poeta do MST desde o surgimento, esteve em oito das nove edições da Jornada de Agroecologia. Enxerga o debate do encontro dentro de um momento de transição para a produção camponesa. Fora da agroecologia, os pequenos agricultores sofrem com a inviabilidade do antigo modelo. “É um momento histórico, quase uma transição de projeto de governo, esses eventos culturais são importantes, senão fica só no momento, é preciso continuar a organização, é preciso levar aos governos nossos projetos como projeto de agricultura, mas tem que ser no conjunto das organizações”, afirma.

A agroecologia passa a ser um ponto de refúgio para o pequeno agricultor, uma vez que as condições de mercado inviabilizam sua produção, no depoimento de Chocolate. “O pessoal está habituado ao pacote e logo se frustra, porque o preço está lá embaixo e a produção é pouca, os custos de produção. Houve uma transição forçada para a agroecologia”, pondera.

Veja mais sobre a Jornada de Agroecologia aqui

Confira os 113 ganhadores do prêmio Areté

quinta-feira, maio 20th, 2010

Está disponível para consulta a lista dos premiados e classificados no prêmio Areté Cultura Viva – Eventos em Rede, da Secretaria de Cidadania e Cultura, SCC-MinC. O Coletivo Soylocoporti, que apresentou proposta juntamente com o Movimento Música Para Baixar para a realização de um Festival de Música Livre, foi habilitado e classificado, mas não está entre os premiados.

Veja abaixo matéria do MinC:

Foram contemplados 113 projetos de 25 estados brasileiros (apenas o AC e AM não enviaram projetos para a premiação). Entre os premiados constam os mais diversos segmentos culturais, desde manifestações populares à participação de representantes de Pontos de Cultura em eventos internacionais.

Os prêmios variam entre R$ 10 mil, R$ 25 mil, R$ 50 mil, R$ 75 mil e R$ 100 mil. O objetivo do reconhecimento é o fomento da celebração da diversidade cultural brasileira como ação de política pública que promova e fortaleça as comunidades e sua produção cultural.

Os classificados que não foram premiados têm até o dia 27 (quinta-feira) de maio para enviar pedidos de recursos. O resultado de avaliação de recursos está previsto para sair na edição do dia 28 (sexta-feira) de maio no Diário Oficial da União.

Entre os premiados constam projetos inscritos por 13 agrupamentos (grêmios, associações e outras entidades), 16 pessoas físicas, 20 Organizações não-governamentais (ONGs) e 64 Pontos de Cultura. Entre os classificados a numeração foi de 21 ONGs, 22 pessoas físicas e 198 Pontos de Cultura. Não houve outros agrupamentos envolvidos.

A comissão julgadora reforça que os 76 projetos desclassificados não haviam firmado a parceria com um Ponto de Cultura, exigência presente no edital do prêmio, ou foram enviados fora do prazo. Responsáveis por outros diversos projetos que não cumpriam as exigências relacionadas à documentação foram contatados por funcionários da SCC e enviaram os documentos necessários.

Distribuição por estados

Por estado, a distribuição dos premiados contemplou 46 projetos da região Sudeste, 38 da região Nordeste, 12 da região Centro-Oeste, nove da região Sul e oito da região Norte. O estado com mais contemplados foi São Paulo (23), seguido do Rio de Janeiro (14) e Pernambuco (9).

A seleção aconteceu entre os dias 3 e 7 de maio, quando foram analisados cerca de 420 projetos. O investimento do MinC na premiação é de R$ 4 milhões.

Reunião pública sobre projeto Procultura

terça-feira, abril 27th, 2010

Por Carolina Goetten

A Comissão de Educação e Cultura vai realizar em 3 de maio, em Curitiba, um reunião pública sobre fomento cultural, no teatro Sesc da Esquina. O objetivo é receber contribuições sobre o programa Procultura (Projeto de Lei de Incentivo e Fomento à Cultura), relatado pela deputada Alice Portugal, acolhendo propostas, sugestões e moções.

O Procultura é um novo projeto de lei que se propõe a discutir a cultura do país e aprimora a Lei Rouanet. Vai integrar o país num programa de fomento cultural e, como ainda não foi aprovado, está sujeito a alterações e aberto a sugestões e acréscimos.

A nova lei vai dinamizar a Lei Rouanet e torná-la mais abrangente, de modo a ampliar recursos voltados à produção cultural e diversificar mecanismos de financiamento. São nove fundos setoriais, dentre eles o Fundo do Acesso e Diversidade, que promove incentivo e fomento à diversidade cultural. Grande parte dos avanços na reforma são oriundos de encaminhamentos da primeira Conferência Nacional de Cultura, realizada em 2005. Compareça e ajude a construir esse projeto para garantir o financiamento à produção cultural do país.

As sugestões, propostas e moções devem ser encaminhadas por escrito antes do início da reunião, marcada para as 19 horas. Haverá oportunidade de participação oral e sustentação das propostas. O Sesc da Esquina localiza-se na rua Visconde do Rio Branco, 969.

Informações: Ana Carolina Caldas – 9211-4915

Convocatória para Assembleia Geral 2010

quarta-feira, fevereiro 3rd, 2010

Soylocoporti – Pela Integração Latino-Americana

Pontão de Cultura Kuai Tema

CONVOCATÓRIA

Curitiba, 03 de fevereiro de 2010

Prezados associados, prezadas associadas,

De 5 a 7 de março de 2010, o Coletivo Soylocoporti realiza sua 3ª Assembléia Geral Ordinária. Ela ocorrerá no CEPAT (Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores), na rua João Batista Gabardo, 158, Sítio Cercado, Curitiba – PR, com abertura oficial às 18 horas do dia 5 de março.

Com base no Estatuto Social do Coletivo Soylocoporti, entre os objetivos principais da Assembléia Geral estão:

a) eleger o Conselho Diretor e o Conselho Fiscal;

b) aprovar as contas da associação;

c) as diretrizes políticas de atuação da entidade;

d) definir o planejamento de trabalho anual;

e) deliberar sobre Núcleos de Trabalho ou Programas Estratégicos;

f) apreciar o parecer do Conselho Fiscal relativo à prestação de contas;

g) deliberar sobre inclusão ou exclusão de associados.

Também serão debatidos na assembléia os seguintes temas:

a) conjuntura de Comunicação, Cultura e América Latina;

b) avaliação interna do Soylocoporti;

c) agenda política;

d) financiamento institucional, debate de prestação de serviço e contribuição financeira;

e) utilização dos prêmios;

f) outros temas pertinentes.

Convocamos as associadas e os associados do Soylocoporti a participar da Assembléia, que será constituída “por todos os associados em pleno gozo de seus direitos estatutários, tendo direito a voto os associados efetivos”, conforme determina o estatuto da entidade. Lembramos que é dever dos associados efetivos participar da Assembléia, e qualquer ausência deve ser, portanto, justificada. Associados efetivos que deixarem de comparecer à Assembléia Geral ordinária por dois anos consecutivos sem justificativa por escrito podem ser desassociados.

Contamos com sua participação.

Atenciosamente,

Rodrigo Bonifácio Vieira, representante jurídico, pelo Conselho Diretor.

(Angélica Varejão, Érico Massoli Ticianel Pereira, Gustavo Guedes de Castro, João Paulo Mehl, Marco Antônio Konopacki, Michele Torinelli, Rachel Callai Bragatto e Rodrigo Bonifácio Vieira).

Coletivo Soylocoporti

Rua Itupava, 1299 Cj 312 – Hugo Lange – Curitiba – PR

(41) 3092-0463 – contato@soylocoporti.org.br

http://www.soylocoporti.org.br

A unificação da esquerda uruguaia e os desafios da integração latino-americana

quinta-feira, janeiro 28th, 2010

Debates em São Leopoldo compartilham experiências e apontam perspectivas para a construção de um outro mundo

No contexto do Fórum Social Mundial, no qual diversas possibilidades de criação de alternativas se cruzam, reflexões de como integrar lutas complementares são inerentes. Atividades da Reunião Pública Mundial de Cultura e da Casa Cuba abordaram essa temática nesta tarde (27) em São Leopoldo.


Frente Ampla: unidade da esquerda uruguaia

Carlos Baráibar, Osvaldo Martinez e Marcel Frison em debate na Casa Cuba. A mediação ficou por conta de Ana Affonso, veradora de São Leopoldo pelo PT

Carlos Baráibar, Osvaldo Martinez e Marcel Frison em debate na Casa Cuba. A mediação ficou por conta de Ana Affonso, veradora de São Leopoldo pelo PT

“O Frente Ampla (FA) é uma coalisão de partidos políticos e um movimento”, explica Carlos Baráibar, deputado federal do Uruguai pela Frente Ampla. Formada em 1971, a coalisão opôs-se à ditadura militar (1973 – 1985) e venceu as duas últimas eleições para a presidência da república – em março José Mujica substituirá Tabaré Vázquez, eleito em 2005. “A ação política permanente é um componente essencial para entender o FA e o porquê de haver ganhado as eleições”, aponta o deputado.

Em todo o Uruguai, país que possui população equivalente a da Grande Porto Alegre, há mais de 700 comitês de base do FA. “Fazem parte dos comitês muitos cidadãos que não atuam em nenhum movimento específico, mas que compactuam com os princípios e com as práticas do FA. Abrigamos toda a esquerda, sem exclusões. Uma única vez discutiu-se a expulsão de um grupo e após seis meses de debate optou-se por mantê-lo”, conta.

“O segredo do FA é não querer eliminar as contradições – elas existem e devemos aprender a lidar com elas”, argumenta Raquel Diana, assessora da Secretaria de Cultura de Montevidéu que contribuiu com o debate. O compartilhamento da experiência do FA ocorreu em substituição à atividade com Emir Sader, que não pode comparecer.


Cuba, integração latino-americana e a superação do neoliberalismo

Militantes participaram do debate

Militantes participaram do debate

A atividade “Os 50 anos da Revolução Cubana e os desafios da esquerda latino-americana” aconteceu na Casa Cuba e também contou com a participação de Carlos Baráibar. Marcel Frison, integrante da direção nacional do Partido dos Trabalhadores, e Osvaldo Martinez, deputado cubano presidente da Comissão de Economia do Parlamento Cubano e diretor do Centro de Pesquisa de Economia Global, foram os outros colaboradores.

Martinez fez um balanço entre o que seu país representa e seus desafios concretos. “Cuba está convertida no exemplo de que a utopia é possível, e de que se pode lutar por um mundo melhor apesar de todas as dificuldades. O país está pagando um alto preço por sua ousadia nos últimos 50 anos, por sua rebeldia ao domínio imperialista na América Latina. Cuba não é um país estático, é como qualquer outro organismo social: vivo, que precisa adaptar-se a novas realidades, e nesse processo com certeza estão os cubanos.”

Frison acredita que “somente será possível libertar Cuba de seu cerco com a unificação dos esforços latino-americanos na construção de uma sociedade cooperativa e solidária”. O militante petista apontou o que considera os principais desafios para a articulação da esquerda na América Latina, entre eles superar situações pré-capitalistas, presentes em grande parte do nosso continente, rumo a uma situação transformadora. “Precisamos consolidar uma experiência alternativa de caráter socialista, uma possibilidade de articulação sem esquecer nossas diferenças – construir uma vértebra comum de enfrentamento dos setores conservadores do nosso continente.”

por Michele Torinelli, da Agência FSM10

Agência FSM 10 desenvolve comunicação compartilhada em São Leopoldo

terça-feira, janeiro 26th, 2010

Com o objetivo de difundir as atividades e propósitos do Fórum Social Mundial deste ano surge a Agência FSM 10. Formada por TV OVO (RS), Fábrica do Futuro (MG), Coletivo 77 (MG), Pontão de Cultura São Leopoldo (RS), Pontão de Cultura Kuai Tema (PR) e Coletivo Soylocoporti (PR), a agência atua em São Leopoldo e tem como foco a 2ª Reunião Pública Mundial de Cultura, debates e os shows da Casa Cuba. Ainda conta com colaboradores por toda a Grande Porto Alegre.

A iniciativa dá continuidade ao trabalho de comunicação colaborativa desenvolvido nos últimos Fóruns e busca ampliar seu alcance e participação. A Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada implantou essa ideia em 2001 no I Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, apresentando uma alternativa ao jornalismo de mercado. A proposta é a leitura crítica e a troca, em contraposição à cultura do lucro da mídia comercial.

Os conteúdos produzidos serão disponibilizados na página da Agência FSM 10 e são baseados no conceito de instantaneidade, possibilitado por plataformas como blog wordpress e twitter, pela edição de entrevistas na hora e posterior postagem no youtube e fotos abrigadas no flickr. A participação de todos é bem-vinda – a Agência FSM 10 encontra-se na sede do Pontão de Cultura de São Leopoldo, localizado na Biblioteca Pública Municipal. O e-mail para contato é agenciafsm10@gmail.com.

Mais informações:

http://fsm10.nosdarede.org.br/

http://www.youtube.com/user/agenciafsm10

www.twitter.com/agenciafsm10

www.flickr.com/photos/agenciafsm10

Contato:

Francele Cocco

051 9773 7708

Começam os preparativos para o Festival de Cultura do Paraná 2010

terça-feira, janeiro 19th, 2010

Por Carolina Goetten

O novo ano já começa em clima de Festival de Cultura. Ontem, 18 de janeiro, o coletivo Soylocoporti e outros parceiros na organização do evento reuniram-se a fim de traçar uma avaliação geral, discutir as próximas atividades e fazer dele um movimento cultural cada vez mais forte dentro e fora do Estado.

O objetivo da reunião foi diagnosticar os principais erros e acertos cometidos na última edição do festival e iniciar o processo de planejamento que orientará o plano de preparação do Festival 2010, em torno de sete propostas-chave: reflexão, manifestação, articulação, mobilização, fortalecimento, comunicação e meio ambiente. Segundo Roberta Schwamback, membro da equipe de organização pelo Soylocoporti, a importância de se dar um tempo até avaliar o Festival, que ocorreu em novembro do ano passado, é que todos estão com a cabeça fria. “Assim, podemos ficar mais próximos do que pensamos e do que queremos para ele”, ressalta Roberta.

A palavra de ordem dos presentes foi de ampliar a participação de outros grupos e artistas, com o objetivo de fortalecer o evento como um movimento cultural. O encontro possibilitou a discussão de uma metodologia de trabalho calcada nos pontos do Festival 2009 que devem ser mantidos para garantir o sucesso da próxima edição. “A Comunicação Compartilhada, uma novidade em relação aos anos anteriores, foi um grande acerto da edição 2009 e que precisa ser fortalecido nas próximas, problematizando e viabilizando a prática da construção de notícias”, assinala Rachel Bragatto, também do Soylocoporti.

Nos pontos de discussão, os objetivos. O consenso entre a equipe é traçar uma noção estratégica do Festival de Cultura. “Por que fazemos o Festival? O que queremos com ele?”, propõe Marco Konopacki. A ideia, para este ano, é buscar ações concretas e pontuais para que a força do evento seja potencializada cada vez mais e aperfeiçoar o sistema de Comunicação Compartilhada, que permite ao cidadão manifestar suas opiniões, livre de censura ou cerceamento da sua liberdade de expressão.

De bicicleta pela Mata Atlântica

segunda-feira, dezembro 28th, 2009

por-do-sol-em-superagui-2Para ver, viver e sentir a Mata Atlântica na pele, aquela mesma mata que abriga um ou outro mico-leão dourado e uns poucos jacarés-do-papo-amarelo – e da qual restam 7,3% da vegetação original -, Érico e Amarelo, associados do Coletivo Soylocoporti, aventuraram-se a percorrer de bicicleta os 697 quilômetros que separam a capital do Paraná, Curitiba, e a cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, pela costa litorânea. No itinerário, um objetivo: visitar, durante o trajeto, os mestres fandangueiros catalogados pelo Museu Vivo de Fandango, concentrados na região.
Saindo de Curitiba no sábado, 26/12, o primeiro município visitado pela dupla foi Paranaguá, no litoral paranaense, a 91 quilômetros da capital. É a mais antiga cidade do Estado, cujo centro histórico – que comporta, dentre outros pontos turísticos, uma estação ferroviária, uma estrada de ferro, velhos casarios, igrejas, museus e o próprio Porto de Paranaguá – atrai visitantes de todo o país. De lá, Érico e Amarelo seguiram à ilha Superagui, no litoral Norte do Paraná, cujo acesso é exclusivamente marítimo e se estende nas redondezas de Guaraqueçaba. A ilha é tipicamente fandangueira e caiçara: os mochileiros Érico e Amarelo tiveram um contato próximo com a cultura de Fandango, um dos pontos fortes da região.
Após passar a noite de domingo na Praia Deserta (praia de Superagui, com 37 km de extensão) eles seguiram na segunda-feira rumo à Ilha do Cardoso, já do outro lado da divisa com São Paulo. A ilha é um santuário ecológico que conserva biomas como a Mata Atlântica e o manguezal, habitada por caiçaras que sobrevivem da pesca e da cultura de subsistência e, em menor porcentagem, índios Guaranis, somando ao todo cerca de 480 habitantes.
Da Ilha do Cardoso, que também abriga um núcleo fandangueiro, eles devem seguir a Cananéia, a primeira cidade fundada no Brasil, na extensão da Baía de Paranaguá, e de lá rumo ao destino final, Paraty. Desde que saíram da capital paranaense, eles vêm seguindo a costa atlântica documentando a viagem por fotos e vídeos, para registrar a sensação de experimentar, de perto, a vida animal, vegetal e humana que se desenvolveu por ali.

PS: Sempre que conseguirmos contato e eles entrarem na web vamoa atualizar.

Construção e troca: II Fórum de Mídia Livre

quinta-feira, dezembro 10th, 2009

Por Michele Torinelli

Prédio onde ocorreu o II Fórum de Mídia Livre, na UFES

Prédio onde ocorreu o II Fórum de Mídia Livre, na UFES

No último dia 04, integrantes do Coletivo Soylocoporti voaram rumo a Vitória (ES) para participar do II Fórum de Mídia Livre (FML), realizado na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). A programação foi intensa e os participantes, diversos: 60 das 82 iniciativas contempladas com o Prêmio de Mídia Livre, lançado pelo Ministério da Cultura esse ano, estavam representadas no encontro.

Momento do debate no GT "Fazedores de Mídia Livre"

Momento do debate no GT "Fazedores de Mídia Livre"

Após a abertura oficial, deu-se início aos trabalhos. No espaço “Fazedores de Mídia Livre”, discutiu-se o conceito de midialivrismo, as dificuldades de sustentabilidade no setor, o direito à livre expressão, a relevância social da apropriação das ferramentas de comunicação e novas ideias de experiências em mídia livre. Contribuíram para o debate Antônio Martins (Diplô na Rede), Marcelo Branco (Campus Party), Henrique Antoun (UFRJ), Pedro Markun (Jornal de Debates), Túlio Vianna (advogado e blogueiro), Edson Mackenzy (Videolog.com), Altino Machado (jornalista e blogueiro), João Caribé (consultor de mídias sociais / blogueiro), entre outros. Os demais Grupos de Trabalho tiveram como tema “Políticas de Fortalecimento da Mídia Livre” e “Formação para a Mídia Livre”.

Concomitantemente às discussões acerca do midialivrismo, realizou-se o Festival de Música Livre, que contou com debates e apresentações da cena independente durante a noite. Foram cerca de vinte shows de diferentes estilos e bandas de variadas regiões do país. O Festival aconteceu nas noites de 03, 04 e 05 de dezembro.

Troca entre Pontos

Atividade "Juntando as pontas dos Pontos de Mídia Livre"

Atividade "Juntando as pontas dos Pontos de Mídia Livre"

O segundo dia do Fórum (05/12) foi dedicado à troca de experiências. A atividade “Juntando as Pontas dos Pontos de Mídia Livre” permitiu a apresentação de diversas iniciativas de midialivrismo e um debate sobre sustentabilidade, além de propostas de consolidação da rede dos Pontos de Mídia Livre.

No último dia do encontro (06/12), os Pontos definiram as prioridades do debate midialivrista para a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que será realizada em Brasília entre os dias 14 e 17 de dezembro, e apontaram propostas a serem defendidas por eixo temático. Discutiu-se também a continuidade do Grupo de Trabalho Executivo (GTE) do Fórum de Mídia Livre, para o qual o Coletivo Soylocoporti disponibilizou sua contribuição. O primeiro encontro deste GTE renovado, que conta com 19 entidades, deve ocorrer em fevereiro de 2010.

Troca de experiências entre os Pontos de Mídia Livre marcou o FML

Troca de experiências entre os Pontos de Mídia Livre marcou o FML

O FML permitiu uma rica troca de experiências e apontou alguns caminhos para o midialivrismo: cursos de formação e linhas de pesquisa sobre mídia livre no âmbito acadêmico, articulação de proposta de edital Pontos de Mídia Livre junto às secretarias de cultura nos estados e municípios e integração da rede de Mídias Livres com o movimento de Economia Solidária.

Alguns dados desse relato foram tirados da página do Programa Cultura Viva.

Pelo direito a voz e pela democratização do conhecimento

terça-feira, dezembro 8th, 2009

Por Michele Torinelli

O que é a cidadania? Será que devemos nos contentar em exercê-la na escolha restrita inerente ao ato de consumo e inserindo nossos votos em urnas de dois em dois anos? Para incidir de fato em nossa realidade e contribuir na sua contínua construção, devemos discuti-la. Isso significa olhar à nossa volta e interpretar as informações que nos chegam, elaborando discursos próprios. O midialivrismo segue essa lógica e vai além: atua em redes. Ou seja, os diversos olhares se cruzam, trocam suas impressões, numa dinâmica de construção coletiva.

Imagine se o brilhante sujeito que manipulou o fogo pela primeira vez tivesse a não tão brilhante ideia de patentear a sua descoberta. Parece absurdo? Mas não é o mesmo princípio dos direitos autorais? Por que não contribuir para a expansão do conhecimento, e criação de novas ideias a partir dele, e continuar fomentando a lógica da competição? Se tivesse sido assim com o fogo, muito provavelmente a tecnologia ainda estaria engatinhando devido à falta de compreensão de coletividade de um único sujeito, que desconsiderou haver utilizado as forças da natureza e o conhecimento acumulado por diversas gerações. A partir do momento em que deixarmos de querer tirar vantagem de nossas descobertas, poderemos utilizar o conhecimento desenvolvido pelos outros, e a sociedade como um todo só ganhará com isso. As licenças flexíveis e as iniciativas de software livre atuam nesse sentido.

Tal raciocínio também se aplica ao uso restrito dos meios de comunicação. Afinal, trata-se de tecnologias que permitem a ampliação do discurso, o diálogo em escala social. Então por que eu não tenho direito de utilizar as ondas de radiodifusão, emitidas no ar – esse espaço que não pertence a ninguém e é utilizado por todos, para emitir a minha opinião? Por qual motivo a Globo pode chegar a mais de 90% dos lares com sua programação repleta de estereótipos e preconceitos e você tem que se contentar a assistir Video Game na sala de espera do dentista?

Está mais do que na hora de reivindicarmos o que nos pertence! Um meio de comunicação que ainda é livre e tem custo relativamente baixo é a internet. A partir dela, podemos estabelecer redes e conectar outras análises do cotidiano, que muitas vezes não estão presentes na mídia hegemônica. É claro que temos que levar em consideração que nem todos têm acesso à internet, por isso a necessidade da universalização da banda larga, da ampliação de telecentros e de formação popular nas tecnologias da informação e no processo de construção do discurso. Também devemos ficar atentos e impedir que projetos de controle da rede se consolidem. Mas é fato que a internet permite que, talvez pela primeira vez, utilizemos a comunicação para a construção popular da realidade, em larga escala e de forma interativa, e questionemos o monopólio dos demais meios de comunicação e a lógica de mercado que prioriza o lucro ao desenvolvimento social.

Comunicação não é só entretenimento e negócio. Antes e acima disso, exercer a comunicação é direito humano, que só será cumprido se nos apropriarmos de seu potencial e reivindicarmos sua democratização.

Essas reflexões são resultado dos debates do II Fórum de Mídia Livre, que ocorreu de 04 a 06 de dezembro na Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória. Participaram representantes das iniciativas contempladas pelo Prêmio de Mídia Livre, midialivristas e demais interessados. Saiba mais sobre o FḾL.